sexta-feira, outubro 18, 2024
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Colcha de Retalhos: as memórias dos idosos e suas vivências no Jardim Planalto

Um trabalho diferenciado foi realizado no Centro de Referência de Assistência Social, o Cras, localizado no Jardim Planalto. Se trata de uma colcha de retalhos produzida pelos idosos que fazem parte do grupo Feliz, que reúne 23 pessoas. O trabalho teve a coordenação da educadora social Anita Melinski e a colcha foi o meio utilizado para que os integrantes pudessem contar suas histórias referente ao bairro, onde muitos passaram a morar desde a sua fundação, no final dos anos 1980. Outros, no entanto, chegaram depois, mas colecionam histórias sobre o Jardim Planalto e que, obviamente, se mesclam com suas vivências.
Um dos trabalhos do Cras é proporcionar serviços de convivência e de fortalecimento de vínculos. Neste sentido, dentro Cras existem vários grupos, como o de idosos, de jovens e adultos e também o de adolescentes. No bairro, o Cras passou a existir em 2014; já Anita passou a atuar no local em meados de 2015, iniciando o trabalho com o grupo Feliz.
Com o grupo, Anita contou que trabalha quinzenalmente, sendo que os encontros acontecem às terças-feiras, das 8h30 às 10h. O grupo é aberto e participa quem desejar, sendo que alguns são orientados a participarem quando são identificadas necessidades pelos técnicos da área, e outros acabam sendo convidados ou ficam sabendo pelos vizinhos e amigos e decidem conhecer.
Conforme explicou Anita existem algumas sugestões de temas propostos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e que devem ser trabalhadas com os grupos. Um dos temas, por exemplo, foi a questão da identidade; sobre quem são. Anita relatou que entre as conversas, os idosos sempre acabavam caindo dentro dos temas envolvendo o bairro. Ela relatou que diante disso fez questão de pensar em algo que desse margem para que eles tivessem tempo disponível para refletir sobre suas vivências no local. Logo, a ideia foi a de trabalhar a colcha de retalhos! Mas havia um problema, Anita disse que não sabia costurar e nem desenhar. Mas, uma ajuda chegou e foi a da Rita Galiano, funcionária da Prefeitura, que auxiliou os trabalhos no local. No total foram oito encontros até a finalização do trabalho, que ocorreu em 17 de outubro.
Um texto embasou a produção do grupo, chamado A Colcha de Retalhos, de Nye Ribeiro Silva. Em um dos trechos: “Felipe entrou no seu quarto correndo. A colcha estava sobre a cama. Que linda! Mas não era uma colcha como essas que se vende nas lojas. Cada retalhinho ali tinha uma história”.
Foi exatamente isso que Anita quis mostrar aos idosos. “A importância de todos juntarem seus retalhos, não faltarem aos encontros, até porque cada um tem sua visão da história, do bairro (…)”, explicou a educadora, que também preparou uma linha do tempo sobre os marcos do bairro e um mapa onde cada participante pôde ter seu momento de voz para falar sobre sua história antes de chegar ao local.
A colcha de retalho, que agora está pendurada como uma cortina em uma das salas do Cras, conta um pouco da história de cada um, que refletiu sobre sua vivência no Jardim Planalto.
“Minha vida aqui foi com a vassourinha na mão, e fora daqui também porque fazia faxinas. Na época, meu quintal era de terra. Eu nunca gostei de pintar, mas aqui gostei. Lembro que quando o bairro começou não tinha água, era sem luz, o caminhão-pipa vinha colocar água. Tudo melhorou, mas falta uma farmácia, um supermercado maior e atividade para os adolescentes”, disse dona Antônia Oliveira Mafei, de 69 anos.
Maria Aparecida dos Santos, de 64 anos, disse que achou muito legal fazer a atividade e que sua obra na colcha registra suas lembranças de quando os filhos eram pequenos. Época em que ela levava as crianças para escola e postinho. “Eu não saio muito de casa, e vir aqui é um divertimento, tenho uma pasta de certificados de cursos que fiz aqui”, recordou.
Dona Antônia disse que participar do grupo melhorou bastante sua qualidade de vida. Ela conta que vivia deprimida por conta de problemas familiares que já ocorreram em sua história e que estar no Cras é uma maneira de ocupar a cabeça com outras atividades.

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