“À noite, não aguento o fedor. E a minha fossa já está quase cheia”, conta a moradora da Rua 30, Maria de Lurdes Ferreira. A faxineira reside no Parque das Laranjeiras há 15 anos e diz que pela primeira vez o serviço de coleta e limpeza de fossas foi suspenso no bairro.
A suspensão dos serviços, realizados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), vem causando desconforto para a população devido ao mau cheiro. Várias ruas do bairro da zona Leste não contam com rede de esgotamento sanitário e, por isso, muitas casas têm somente a fossa como único meio para descartar os dejetos.
Contudo, a autarquia está recomendando que os munícipes contratem uma empresa particular para fazer a limpeza, o que não é possível para todos. A alternativa encontrada pela maioria dos moradores é abrir os encanamentos para a rua, dando vazão ao esgoto que passa a correr a céu aberto.
Para a dona de casa Lucinéia Gouveia, a situação é revoltante. Ela afirma que chega a ser constrangedor quando recebe alguma visita em casa. “É um fedor. Tudo precisa ficar fechado. Eu vou pagar para limpar, mas tem vizinho que não tem condições”, relata. Se prestado por um particular, o serviço deve custar em torno de R$ 450.
Além de ser uma agressão ao meio ambiente, o problema ainda coloca em risco a saúde pública, uma vez que crianças e animais em contato com água do esgoto podem contrair doenças. A Rua 30 também é local de circulação do transporte público.
“Em pleno século 21 é o fim não ter saneamento básico”, desabafa Lucinéia. O Conselho dos Direitos Humanos prevê, através da Resolução 16/2, o acesso à água potável segura e ao saneamento como um direito humano; um direito à vida e à dignidade humana.
O Saae informou que não está realizando o serviço porque a empresa responsável pela limpeza das fossas desfez o contrato e uma nova licitação teve que ser feita, mas garantiu retomar o trabalho em breve, assim que o processo licitatório for concluído.
Segundo a autarquia, em média, 15 serviços eram feitos mensalmente ao preço de R$ 250 a hora. Atualmente, existem 264 ligações de água sem rede de esgoto, mas o Saae não consegue precisar quantas delas são dotadas de fossas ou se há outras formas de descarte de resíduos sólidos.
Pavimentação
De acordo com a Prefeitura, a base para o asfalto está em fase de conclusão e a próxima etapa será a aplicação da massa asfáltica, processo que depende da locação de equipamentos específicos e já licitados pelo Poder Público.
A forte chuva, que ocorreu no dia 9 de setembro, acabou danificando parte dessa etapa, abrindo buracos e destruindo as guias. Boa parte dos serviços teve que ser refeita, porém O POPULAR registrou alguns pontos que ainda não foram totalmente consertados, embora os bueiros já tenham começado a receber as grades de proteção.
A lentidão dos serviços no bairro tem sido questionada por moradores e pelo vereador Luis Roberto Tavares, o Robertinho (SDD), durante as sessões de Câmara. Iniciadas no ano passado, as primeiras etapas das obras foram feitas, gradativamente, com recursos, mão de obra e maquinários do Poder Público.
O Município ainda aguarda a liberação de uma verba de R$ 3 milhões alcançada junto ao Governo Federal. As ruas 15 a 20 e 23 receberam a implantação de galerias de águas pluviais, redes de esgoto, postos de vistoria e bocas de lobo, além da construção de guias e sarjetas.