Amanhã, a partir das 15h, será realizado o evento Lei Áurea: Liberdade ou Manutenção da Opressão?, organizado e idealizado pelo Coletivo Negro de Mogi Guaçu, mas aberto à população de toda a região. O evento, que contará com exibição de vídeo e debate, será realizado na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB da cidade vizinha. O objetivo do encontro é discutir sobre o protagonismo negro na luta abolicionista, uma vez que na sexta-feira, dia 13, foi lembrado os 128 anos da Lei Áurea.
Muitos aprendem e prosseguem por toda a vida acreditando que a libertação dos escravos foi realizada por bondade da Princesa Isabel, mas o evento vai justamente mostrar o contrário e trabalhar na perspectiva que irá esclarecer o que de fato ocorreu e o que se deu a partir de então, que foi um cenário no qual não havia qualquer projeto que incluísse o negro na sociedade. Portanto, o debate visa questionar: foi liberdade ou manutenção da opressão?
“Colocamos como pergunta mesmo para provocar a reflexão, pois a própria proposta do evento é um questionamento, já que são 128 anos de abolição da escravidão e a população negra ainda não têm seus direitos efetivamente garantidos. Nas grades de ensino escolar ao se abordar a questão da abolição pouco de fala do protagonismo negro neste processo, tão pouco da maneira como ele se constituiu”, explicou Jeniffer Prado, que é psicóloga e membro do Coletivo Negro.
De acordo com Jeniffer a falta de um projeto que acolhesse a população negra – desde a promulgação da lei – gerou diversos atrasos no que diz respeito aos direitos. Ainda hoje, os
negros enfrentam o preconceito em várias áreas.
“O fato de a lei ter sido assinada e não ter havido nenhum tipo de amparo legal aos ex-escravos reflete na comunidade negra até hoje, o documentário que apresentaremos para discussão falará um pouco sobre este processo”, disse Jeniffer, destacando parte da programação.
O grupo acredita que o diálogo é de extrema importância e por isso vem realizando intervenções neste sentido. O último encontro do grupo contou com participantes tanto de Mogi Guaçu e Itapira como também de Mogi Mirim, que explanaram sobre diversas questões referentes ao movimento negro.
Diversos coletivos vêm surgindo tanto na cidade como em Mogi Guaçu e organizando eventos temáticos a fim de ampliar diálogos e movimentar pessoas. Jennifer, que é integrante do Coletivo Negro, considera a movimentação positiva.
“Acreditamos que esta recente mobilização de grupos e coletivos da cidade são extremamente importantes, pois vivemos um momento sócio-político complicado, e sabemos que nas crises são os grupos marginalizados e ‘minorias’ são as que mais sofrem. Nós, como grupos marginalizados, sabemos quais são nossas demandas, mas acreditamos que as discussões propostas fazem com que estas demandas tornem-se públicas e haja a possibilidade da população saber sobre elas, num sentido de também se engajar nessas lutas por direitos; quando criamos redes, mais pessoas em situações de opressão entendem quais são as lutas que temos”.
Entrada
Não é obrigatório, mas o Coletivo Negro pede a todos que puderem que levem uma peça ou mais de agasalho para que posteriormente sejam doadas aos necessitados. O objetivo é arrecadar peças e depois doar para pessoas que estão morando nas ruas. Quem não puder doar, não será impedido de entrar. Mas, fica a sugestão do Coletivo.
Serviço
Lei Áurea: Liberdade ou Manutenção da Opressão?
Data: amanhã
Horário: 15h
Local: sede da OAB, Mogi Guaçu. O endereço é Rua José Colombo, n° 260, bairro Morro do Outro.
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Foto: Gilson Cardoso