Pela primeira vez a Igreja Nossa Senhora do Carmo, localizada na Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, abriu suas portas à população. Um grupo de aproximadamente 30 fieis acompanhou, na noite da última quarta-feira, uma palestra seguida de visita técnica ao prédio histórico, realizada pelo arquiteto responsável pelo projeto, Marcos Tognon. Na ocasião, todos os presentes puderam conferir de perto a real situação da igreja, checar os estragos feitos pelas trincas e rachaduras surgidas em 2012, e se inteirar sobre o cronograma do trabalho de restauração, que deverá ser concluído em outubro de 2015 e consumir perto de R$ 350 mil, valor do acordo entre o Ministério Público e representantes do Residencial do Jardim, empreendimento ao lado apontado como causador dos estragos.
O evento contou com a presença de membros do Centro de Documentação Histórica Joaquim Firmino, além do padre Nelson Demiciano. Após uma rápida explanação sobre a estrutura do prédio e etapas da restauração, o grupo percorreu diversos cômodos da igreja, ao lado de Tognon, que apresentava e explicava cada etapa do trabalho. Foram mapeados 39 pontos críticos no prédio, alguns deles, com fissuras que chegam a 1,5 metro e assustam pelo tamanho. Todos são identificados com o exato tipo do problema, e submetidos a correções e melhorias.
O restauro
O projeto teve início em maio, com a instalação de cinco fissurômetros, aparelhos de monitoramento das alvenarias de taipa e tijolos que acompanham possíveis trepidações da estrutura. De junho a setembro foi realizado o trabalho de limpeza e descupinização preventiva em todo o prédio. Já de outubro a novembro, as atividades se concentraram na proteção das estruturas de madeira, todas históricas, desmontagem dos rebocos e estruturas de vedação em madeira nas regiões afetadas pelo sinistro. Além disso, foram demolidas as alvenarias danificadas e aconteceram testes de revestimento e preparação da pasta cal para as argamassas.
Agora, o processo entra em uma nova etapa. “Este é o momento em que a igreja parte para a sua restauração efetiva, após enumerados todos os 39 pontos críticos. Na obra, procuramos à estabilidade completa do prédio”, afirmou Tognon.
Se fosse de tijolo, igreja poderia ter caído
Durante a visita, Marcos Tognon não escondeu sua admiração pela forte estrutura da igreja, cuja estrutura passa pelo caráter colonial e neoclássico. O prédio foi construído com taipa de pilão, material de alta qualidade e resistente. Este pode ter sido o motivo para que a igreja não tenha desabado em 2012. “Resistiu com bastante força (a estrutura), se fosse de tijolo poderia ter caído”, contou.
O pensamento foi acompanhado por padre Nelson, que não escondeu a satisfação pelo andamento do restauro. “Vejo com alegria e muita esperança (o restauro), estamos vendo esse patrimônio sendo recuperado. Que ele seja uma casa de oração, que é sua finalidade”, disse.