terça-feira, abril 22, 2025
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Com inúmeras dívidas, Mogi Mirim luta contra estado de insolvência

Com uma grave crise financeira, o Mogi Mirim vive em incertezas, ainda sem encontrar um caminho capaz de superar a insolvência. Há anos, os balanços fiscais anuais apresentam como conclusão da auditoria independente a mesma previsão: a manutenção e funcionamento do clube estão em risco em função do desequilíbrio financeiro e deficiência na gestão de recursos. Antes, porém, o Mogi tinha o respaldo financeiro do presidente Rivaldo Ferreira, que aportava recursos, o que garantia a manutenção das atividades, embora comprometesse as finanças a longo prazo, endividando a agremiação e comprometendo o patrimônio do clube. Na gestão Wilson Barros, recursos foram colocados como patrocínios para cobrir o déficit e empréstimos feitos nos últimos tempos da gestão. Agora, com o poderio financeiro reduzido do presidente Luiz Oliveira, o desequilíbrio histórico entre despesas e receitas não é compensado por aportes do mandatário e o resultado acaba em dívidas com elenco, funcionários e fornecedores. Os salários com atletas voltaram a ficar atrasados, agora em dois meses.

Dívida

Além de dever uma série de valores expressivamente menores a fornecedores e ter atrasos de salários, o Mogi ainda tem uma dívida milionária oriunda dos empréstimos feitos por Rivaldo, que resultou em uma ação judicial do jogador contra o ex-vice-presidente Victor Simões. Além de esta dívida resultar em embate judicial, também há na Justiça a discussão referente à tentativa de anular a transferência dos Centros de Treinamento para o nome de Rivaldo. Neste caso, a juíza Fabiana Garibaldi designou uma audiência de conciliação entre antigos associados do Mogi e Rivaldo para 19 de outubro. Rivaldo transferiu os CTs como forma de abater R$ 6.870.000,00 em dívidas oriundas dos empréstimos feitos. A ação questiona a legalidade da transferência dos CTs e a real existência da dívida.

O cenário atual dificulta a atração de eventuais parceiros ou interessados em assumir o clube. Porém, recentemente um grupo de alemães se interessou em assumir o Mogi e visitou o clube na companhia do ex-gerente de futebol da agremiação, Luiz Simplício. Todavia, ainda não houve conversa direta com Oliveira. Segundo apurou O POPULAR, os alemães chegaram ao clube por intermédio de Rivaldo.

Sem poderio financeiro de antecessores, Luiz Oliveira não consegue combater desequilíbrio histórico e clube coleciona dívidas. (Foto: Arquivo)
Sem poderio financeiro de antecessores, Luiz Oliveira não consegue combater desequilíbrio histórico e clube coleciona dívidas. (Foto: Arquivo)

Dívida com hotéis, posto, banana, energia elétrica…

Em situação caótica, o Mogi Mirim coleciona dívidas com hotéis, posto de gasolina, supermercados, oficinas, padaria, bananas, depósito de bebidas… A lista de endividamento é vasta. Na soma dos registros dos dois cartórios de protestos da cidade, há 55 dívidas protestadas do clube envolvendo estabelecimentos diversos. São 33 protestos no 1º Tabelião de Notas e de Protesto de Letras e Títulos da Comarca de Mogi Mirim e 22 no 2º Tabelião.

O POPULAR teve acesso ao registro de protestos do clube nos últimos cinco anos até sexta-feira. Neste período, as dívidas protestadas, todas na gestão do presidente Luiz Oliveira, entre 2015 e 2016, atingem a marca de R$ 100.089,80 na soma dos dois cartórios da cidade. No 1º Tabelião, o valor é expressivamente maior, de R$ 73.518,85. No 2º, a dívida total protestada é de R$ 26.570,95.

Para retirar a situação de cada protesto, o Mogi necessita efetuar o pagamento da dívida, receber o comprovante e levar ao cartório. Além de pagar a dívida em si, há uma taxa a ser paga ao cartório para acertar a situação de cada protesto. A taxa varia de acordo com o valor da dívida.

O maior número de protestos está relacionado a uma empresa que faz manutenção de aparelhos de relógios de ponto e catracas. Na soma dos dois cartórios, são 19 dívidas protestadas, totalizando R$ 3.745,80. Já o maior valor protestado é com uma empresa de marketing de Mogi Guaçu, totalizando R$ 20.193,60. Em seguida, há um valor total protestado, na soma de três protestos, de R$ 19.127,09, com um posto de combustível localizado na Avenida 22 de Outubro. A terceira dívida maior protestada é com uma empresa de equipamentos de segurança, também de Mogi Guaçu, no valor de R$ 17.500. Chama a atenção ainda duas dívidas protestadas com hotéis, um de São Paulo, no valor de R$ 7.060, e outro de São Bernardo, de R$ 6.028. Entre as diversas dívidas de valores menos expressivos protestadas, há uma soma de R$ 787,51, relacionado à compra de bananas com uma empresa de Mogi Guaçu. Em uma padaria, o valor que gerou o protesto foi R$ 3.921,55. Com um supermercado, a dívida protestada estava em R$ 6.151,69.

A dívida com a Elektro estava em R$ 1.869,95 e, com o Correios, R$ 599,43. Há ainda dívidas protestadas com lojas e estabelecimentos dos mais variados ramos, além de um valor de R$ 278 devido a O POPULAR por propagandas feitas.

Juíza marca conciliação entre Victor e Rivaldo

A juíza Maria Raquel Campos Pinto Tilkian Neves, da 4ª Vara de Mogi Mirim, designou uma audiência de tentativa de conciliação entre o português Victor Simões, ex-vice-presidente do clube, e Rivaldo Ferreira, para 19 de setembro. A audiência está inserida em ação impetrada por Rivaldo contra o português cobrando o valor de R$ 500 mil.

A cobrança está envolvida em uma polêmica referente a quem deve e quem é o credor de valores resultados de empréstimos feitos por Rivaldo ao Mogi. Na passagem de gestão de Rivaldo ao grupo então formado por Luiz Oliveira e Victor, o português assumiu uma dívida de R$ 10.900.000, referentes ao que o Mogi devia ao jogador, com o parcelamento em 22 vezes.

Na passagem de gestão, Victor Simões assumiu a dívida que o Mogi Mirim tinha com Rivaldo. (Foto: Arquivo)
Na passagem de gestão, Victor Simões assumiu a dívida que o Mogi Mirim tinha com Rivaldo. (Foto: Arquivo)

Como considera dever a Rivaldo, o Mogi pagou a primeira parcela da dívida assumida, no valor de R$ 500 mil. A segunda parcela, vencida em junho, não foi paga pelo clube por falta de recursos. Porém, como a dívida foi assumida por Victor, Rivaldo entrou com a ação contra o português e não contra o clube.

Curiosamente, porém, o balanço fiscal publicado em abril de 2016 aponta que o Mogi Mirim fechou 2015 com uma dívida de R$ 11.626.248 com Simões. Pelo balanço, na prática, o Mogi deixou de dever a Rivaldo e passou a ficar em débito com o português, que por sua vez deve ao ex-presidente. Oliveira não entende o motivo de o balanço aparecer com a dívida em favor a Victor e considera que o clube deve a Rivaldo.

Até o fechamento desta edição, o POPULAR não havia conseguido abordar Guilherme Mendes, da LAM Auditoria, responsável pelo balanço, para saber a razão de Victor ser considerado credor de valor antes devido a Rivaldo, pois o auditor está em viagem.

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