A crise econômica que o país enfrenta reflete-se em diversos setores. Para os planos de saúde, tem trazido consequências diretas que os colocam em risco. As demissões levam à diminuição das vidas seguradas por planos empresariais, diminuindo a receita das seguradoras. Em média, a diminuição é da ordem de 20%. A tendência é que o número de associados caia em cerca de 5% até o final do ano.
Somado a isso, temos o aumento de sinistros. A crise afeta a todos, inclusive aumenta os casos de depressão e transtornos de ansiedade. Resultado: os segurados usam mais os planos de saúde. Outra questão a ser considerada é a inadimplência. Períodos de instabilidade financeira geram um considerável aumento na inadimplência, sendo que para alguns planos de saúde, esse problema quase triplicou nos últimos meses.
Além disso, observamos que a inflação médica está cada vez mais alta. O surgimento de muitas novas tecnologias de alto custo, que passaram a ser exigidas pela ANS (Agência Nacional de Saúde) não é sustentável para operadoras de saúde menores. O reajuste permitido de 13,55% foi aquém da necessidade, visto que grande parte dos insumos são dolarizados, e com o dólar se aproximando da casa dos quatro reais, cria-se um ambiente inviável.
Em resposta à crise, os novos negócios estão praticamente parados. Receosas, são poucas as empresas que estão tendo condições ou coragem de dar novos benefícios aos trabalhadores. O momento pede cautela. Já as empresas que oferecem o benefício estão buscando a redução de custo. Algumas estão mudando a cobertura do plano oferecido, de planos nacionais para os regionais. A coparticipação também é uma forma encontrada de oferecer o benefício ou garantir sua manutenção.
Entretanto, não é preciso que empresas e usuários percam esse benefício e sejam prejudicados, seja com a diminuição da cobertura de seus planos ou com o fechamento das operadoras.
Essa equação pode ser equilibrada com a diminuição do desperdício de recursos na área da saúde. Hoje, são realizadas muitas consultas e exames sem necessidade. Algumas pessoas solicitam ao médico determinado exame porque um amigo fez ou porque ouviram falar que é importante. É preciso um diagnóstico mais cauteloso do médico e mais confiança por parte dos pacientes. Uma saída possível é o investimento na prevenção e no consumo consciente, muitas vezes ignorados pelas empresas.
Cadri Massuda é presidente da Abramge-PR/SC – Associação Brasileira de Medicina de Grupo