O mundo vive um marco triste em sua história. Uma pandemia é sempre devastadora. Ceifa vidas e deixa sequelas. No caso atual, o novo coronavírus causa uma doença até então desconhecida, a Covid-19 e que possui um lastro pequeno de pesquisas. É diferente da H1N1, causada por um vírus já rastreado. Ela também causou dor a milhares de famílias, mas o cenário na comunidade científica era de mais otimismo sobre o tempo de resposta diante da doença. Hoje não é bem assim.
Desde que a OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu que estávamos em pandemia, ou seja, a doença havia atingido um patamar global, em 11 de março, quase todas as pessoas no planeta passaram a tentar sobreviver à doença e também entendê-la. Enquanto não há vacinas para prevenir e remédios para trazer cura, a higiene e o isolamento social se colocou como a melhor medida para reduzir o contágio e evitar um colapso no sistema de saúde.
Há exemplos de eficiência, como a Nova Zelândia, que adotou níveis altos de restrição de circulação de pessoas, chegando ao chamado lockdown, com a proibição absoluta de circulação. A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a eliminar a transmissão comunitária do novo coronavírus. Todos os casos de transmissão voluntária foram detectados na região com sucesso, e não há nenhuma disseminação generalizada em curso.
Enquanto a realidade brasileira parece distante desta “vitória”, um dos pontos para enfrentar a pandemia é entender melhor sobre os testes. Existem vários tipos de testes em uso ou desenvolvimento para combater a Covid-19, cada um com uma função específica: diagnosticar, conhecer a porcentagem da população infectada e medir o grau de imunidade do indivíduo. Saiba mais.
Testes de RT-PCR
Utilizados desde o início da epidemia, esses testes virológicos servem para diagnosticar e, portanto, saber se o paciente está infectado no momento em que é realizado. A Coreia do Sul baseou sua estratégia de controle da epidemia no emprego massivo desses testes, além de colocar em quarentena os casos positivos e rastrear as pessoas que estiveram em contato com eles. É por isso que a capacidade de um país de realizar testes de diagnóstico suficientes é um critério decisivo para um desconfinamento bem-sucedido.
A técnica utilizada, chamada RT-PCR, é um método de detecção do genoma do vírus e procura o vírus nas secreções do paciente. A amostra é coletada inserindo um swab, um topo de cotonete, profundamente no nariz ou na boca, dependendo do país. A amostra pode ser coletada em laboratório de análises, no hospital, mas também em um “drive”, ou seja, em um estacionamento onde a pessoa permanece dentro de seu veículo. O resultado leva algumas horas.
A técnica de RT-PCR é confiável, mas o teste deve ser realizado corretamente, sob risco de obter um falso negativo. Portanto, o swab deve ser inserido profundamente. Além disso, se um paciente é diagnosticado muito cedo durante a fase de incubação ou no final da doença, a quantidade de vírus pode ser insuficiente para ser detectada. A porcentagem estimada de falsos negativos é de 30%, ou seja, 3 em cada 10 pacientes.
Testes de sorologia
Esses testes são baseados em uma análise do sangue e buscam determinar se o indivíduo esteve em contato com o vírus em algum momento do passado, detectando os anticorpos, ou seja, a resposta do sistema imunológico. Há algumas semanas, havia grandes esperanças sobre esses testes para determinar até que ponto uma população havia sido imunizada, o que ajudaria o processo do fim de confinamento.
Mas os cientistas disseram que ainda não há certeza se uma pessoa que produziu anticorpos foi imunizada e protegida contra reinfecção e, se sim, por quanto tempo. Além disso, a confiabilidade desse tipo de teste ainda não foi determinada. No futuro, esses testes permitirão determinar qual proporção de uma população foi infectada com o SARS-CoV-2 e, portanto, também conhecer a real taxa de mortalidade.
Testes de neutralização
Esses testes também são exames sorológicos, mas sua lógica vai além: visam não apenas detectar a presença de anticorpos, mas também medir sua eficácia contra o vírus. Por exemplo, o Instituto Pasteur na França desenvolveu dois modelos, explica Olivier Schwartz, chefe da unidade de vírus e imunidade do Instituto Pasteur.
“Um deles usa vírus de verdade, portanto seu manuseio é delicado e deve ser realizado em laboratórios P3 de segurança máxima. Outro usa pseudovírus, que não são infecciosos e fáceis de usar.” Este tipo de teste está sob investigação. “Outros trabalhos serão necessários para determinar a quantidade de anticorpos neutralizantes que podem contribuir para a proteção, bem como sua persistência ao longo do tempo”, segundo o Instituto.