sexta-feira, novembro 22, 2024
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Como tratar de Noel e Krampus com as crianças?

Enquanto o Papai Noel, em sua santa inocência, carrega do seu saco de bondades, os malvados saqueiam as arcas públicas, com o que se presenteiam sem o menor pudor.

Isto me fez curioso em saber se há um personagem que represente o oposto de Noel. Pois encontrei um tal de Krampus, que nesta época natalina habita as ruas de Boerwang, no sul da Alemanha.

Enquanto o bom velhinho distribui presentes para as crianças bem comportadas, o personagem chifrudo assusta as que não se comportam. Trata-se de manifestação cultural, por assim dizer. Na real, o Krampus não existe. Lá.

Por aqui – e mais vorazes do que simplesmente empenhados em dar sustos em crianças – eles campeiam, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Ou, como era habitual dizer antigamente, do Oiapoque ao Chuí.

É desproporcional. Enquanto Noel distribui balas, guloseimas em geral e, aqui ou acolá, oferta alguns presentinhos, seu oposto age como gafanhoto sobre culturas agrícolas: é arrasador.

Sob o ponto de vista estético, as diferenças são ainda mais gritantes. Contra a face assustadora dos Krampus, Noel é eternamente aquele bom velhinho, generoso, amável e possuidor de uma paciência sem limites para aguentar a gurizada que dele se cerca em suas andanças de trenó, bicicleta ou jegue.

Mas, até este ponto ao qual chego com estas linhas, tudo não vai além das diferenças, do caráter meramente oposto de um e de outro. O problema está mais adiante.

Passado o Natal, Noel vai se recolher em algum lugar, para permanecer hibernado até ser recrutado no próximo dezembro. Já seu oposto não só continua ativo e avarento, como causando estragos o tempo todo e por todos os cantos.

Sabe-se, nestes tempos ainda tenros do Terceiro Milênio, que os Krampus adotaram como alvo preferencial a Petrobras. Mas, como disse um dos Krampus mais ilustres, o tal de Paulo Roberto Costa – que pode falar sobre o tema com conhecimento inigualável e incontestável– os tentáculos da horrenda figura também alcançam outras estatais, senão todas.

Pois bem. Que fazemos com nossas crianças, às quais impomos a crença de que Papai Noel existe, é bom e justo? Penso que não devemos desiludi-las. Ilusão faz bem, enternece corações, em especial dos infantes. Além do mais, eles vão ser nós amanhã e compreender a distância entre a realidade e a fantasia.

Até aqui, tudo muito bom, tudo muito bem. E o que fazemos com nossas crianças relativamente aos Krampus? Deixamos que eles, nossos filhos e netos, sejam surpreendidos com a revelação da existência destruidora desses execráveis entes?

Bom, tudo o que penso, penso porque sim, sem muita explicação ou sem ter muita explicação a dar. Sendo assim, julgo que devemos prevenir as crianças como se, numa próxima esquina qualquer, pudessem se deparar com o maldito.

Para um coração cambaleante como o meu, um susto pode ser fatal. Qual o prejuízo? O custo do caixão e do jazigo.

No caso das crianças, uma surpresa dessa dimensão pode ter efeitos irreparáveis na história de suas vidas. Então, fim: devemos avisá-las de que o Krampus existe. Muito mais material e realisticamente que o Papai Noel.

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