O jogo beneficente em prol do ex-ponta-direita Silvinho, artilheiro do Sapo na campanha do acesso à Primeira Divisão do Paulista, em 1985, suscitou na memória de ex-companheiros momentos especiais ao lado do amigo. No dia 21, Silvinho foi homenageado na partida máster vencida pelo Mogi Mirim por 2 a 1 contra o Corinthians, no Estádio Romildo Ferreira, em jogo que arrecadou fundos para seu dispendioso tratamento. Com graves problemas de saúde, Silvinho, que vive acamado e está inapto para falar, chegou ao gramado do Romildão em um veículo e foi descido por familiares para uma cadeira de rodas.
Meia do Sapo em 1985, Oscarzinho destacou os meses de trabalho de venda de ingressos, camisas e preparação do evento. “É uma pena o que ele está passando, mas a festa foi ótima e acho que vai ajudar muito”, frisou, valorizando a importância do ex-ponta no acesso. “Ele era o cara que levava a gente, fazia gol, driblava, segurava a bola para gente chegar na área. Era muito habilidoso e uma pessoa sensacional”, descreve, relembrando como jogo marcante uma partida contra o Rio Branco, em que Silvinho fez o gol da vitória, classificando a equipe para o quadrangular final em que foi conquistado o acesso. “Esse jogo era muito importante, a gente precisava ganhar para ficar entre os quatro”, recorda.
Na visão do ex-volante Henrique Lanhelas, Silvinho é tão especial que mesmo na situação em que se encontra acabou sendo o responsável por unir diversos companheiros.
Henrique conta que antes dos jogos, ele e Silvinho faziam um princípio de meditação conjunta de 30 segundos a um minuto. “Um pegava na cabeça do outro e transmitia aquele pensamento positivo. O Silvinho sempre foi o cara que resolveu pra nós. Era o timoneiro do time, jogador que tinha uma facilidade de fazer gol”, observou.
Um dos momentos marcantes de Lanhelas com o Silvinho foi uma partida diante do Botafogo, vencida por 3 a 1. “Na linguagem da bola, dei uma pedalada, só toquei de lado, ele entrou com o goleiro e só deu aquele tapa dele tradicional, o goleiro só vigiou e a bola entrou no canto”, recordou.
O reencontro não foi muito legal, afirmou Henrique. “A gente nunca pensa encontrar alguém numa situação adversa. Um cara de muita saúde, lutador, sempre de bom astral, tocava violão, sanfona, bateria e hoje numa situação dessas. Mas são circunstâncias da vida”, pondera.
O centroavante Bugrão, que jogou com Silvinho na Primeira Divisão do Paulista, em 1986, lembra que era parceiro do ex-ponta fora de campo, com amizade entre famílias. “Dentro de campo a gente se completava”, destaca.
Bugrão lembra que, no primeiro treinamento pelo Mogi, marcou um gol com passe de Silvinho e foi aplaudido. Segundo conta, o treino era assistido por 50 a 100 pessoas. “Ele me tocou e eu fiz de cabeça. E tenho um jogo no Morumbi, que ganhamos do São Paulo de 3 a 1, o meu segundo gol, espetacular, cruzamento do Silvinho. O Silvinho faz parte de minha história. Ajudou muito na minha vida”, resumiu Bugrão, que curiosamente acabou fazendo o primeiro gol do Mogi no dia 21, logo em um jogo em homenagem a Silvinho, em mais um capítulo da especial parceria.