No próximo sábado, dia 12, às 16h, o espaço Sarauvá, localizado na Vila Áurea, em Mogi Mirim, recebe a atriz Camila Masotti para fazer uma leitura da obra Valsa n° 6, escrita por um dos dramaturgos brasileiros de maior expressividade, Nelson Rodrigues, que morreu nos anos 80, além de ter sido amado e odiado durante toda a vida por conta da audácia em escrever sem pudor sobre as diversas faces do ser humano. Com o texto em mãos, a leitura dramática do monólogo Valsa n°6, que tem oito personagens, faz parte do trabalho da composição da peça de Nelson Rodrigues que vem sendo trabalhada pela Companhia Terrestre, de São Paulo. Camila hoje trabalha em São Paulo com o grupo de teatro e é uma das pérolas mogimirianas que vivem para divulgar a arte.
Em Valsa n° 6, como já citado, Camila vive oito personagens, sendo que a principal é Sônia, uma menina de quinze anos que foi assassinada. “Na peça, a voz de Sônia é uma voz que vem do túmulo, ela já não sabe quem é Sônia. É o momento do choque, ela está tentando juntar os fatos para saber quem ela é”, explicou a atriz.
No entanto, a peça ainda está em fase de composição, por isso Camila fará apenas a leitura dramática do texto, que é composto por dois atos e dura aproximadamente uma hora e vinte minutos. Valsa n° 6 é uma obra que foi escrita por Nelson Rodrigues para a estreia de sua irmã no teatro, Dulce Rodrigues.
A entrada no espaço Sarauvá custará R$ 5, valor que será revertido para a manutenção do local.
Como funciona o processo de criação de uma peça?
Segundo Camila, o trabalho é árduo. Ela relatou que para criar uma peça geralmente as companhias estudam desde o autor em questão, até seus textos, veem entrevistas, etc. Depois disso é que a obra escolhida é estudada, trecho a trecho. No caso de Valsa n° 6, pela Companhia Terrestre, é exatamente isso que está acontecendo e a fase da leitura do monólogo é só mais um dos trabalhos que envolvem o processo de criação. “Na primeira fase, estudamos a biografia do Nelson, se você não sabe sobre ele, por que ele escreve e sobre o que ele escreve, não dá para entender sua obra. E o segundo passo são as leituras para se ambientar com a peça e ter uma troca com o público, colher visões que enriquecem o processo artístico”, disse a atriz, que também faz aulas com fonoaudióloga para conseguir fazer as vozes diferenciadas e também estuda piano, uma vez que Sônia, a menina assassinada, tocava no instrumento a Valsa n° 6, obra do Frédéric Chopin, pianista polonês. “Então também precisei saber quem foi Chopin, e o que diziam os estudiosos de Chopin, porque Nelson decidiu usar (…)”, ressaltou.
Por que Mogi Mirim entra no circuito?
Mogi Mirim entra no circuito da criação para que a peça seja divulgada e para que o trabalho de Nelson Rodrigues não seja apresentado apenas nos grandes centros. “É um escritor que deve ser levado, suas obras precisam ser divulgadas, expandidas”, frisou Camila.
“Para o meio teatral, Nelson tem uma importância fundamental. Ele revolucionou a linguagem do teatro. Até então não tinha nem trilha sonora que acompanhava a ação do ator, ele quebrou também com o teatro de convenção (com o começo, meio e fim). As pessoas amam ou odeiam o Nelson, porque as obras dele enfatizam o sexo, o erotismo e a morte. Nelson é um autor que busca personagens na vida real para mostrar que o ser humano só existe através do choque, do abalo, quando tira suas máscaras e foge da convenção social”, explicou.
Na televisão, algumas de suas obras, bastante conhecidas pelo público, foram: Vestido de Noiva, A vida como ela é, Bonitinha, mas ordinária, etc.
Sobre a atriz e a direção
Camila Masotti se formou na Escola Superior de Artes Célia Helena. Recentemente trabalhou com Karina Barum no filme Parada Solitária. No teatro já atou em Hamlet com direção de Ruy Cortez, em A visita da velha senhora, com o diretor teatral Marco Antonio Pamio. Também já estudou no Stúdio Fátima Toledo, preparação para cinema. Já Flávio Rocha, o diretor da Companhia Terrestre, trabalhou durante 16 anos com José Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina. Também já fez trabalhos com Luiz Fernando Carvalho, em obras como Suburbia, A pedra do reino e Alexandre e Outros Heróis. Hoje, Flávio Rocha interpreta Jesus, na Rede Record.