quarta-feira, setembro 18, 2024
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Mestres da composição produzem versos e melodias

Desde aquela canção que toca no som do carro até aquela que você canta com a maior empolgação no chuveiro do banheiro fazendo do vidro de xampu seu microfone, todas as músicas passam pelo processo de criação de mestres na arte de reunir versos e melodias, ou de elaborar as mais belas composições instrumentais. Chamados de compositores, eles têm até data especial no calendário, o Dia Mundial do Compositor, que foi comemorado na quarta-feira desta semana, 15 de janeiro.

Em Mogi Mirim, diversos são os compositores que trabalham para tanto, entre eles estão Adriel Fernandes, que atua mais na área do pop e do rock e agita os mais variados barzinhos da região, Felipe Lima, conhecido como Canário, líder da banda Radar 4, que trabalha com pop, axé e reggae, o maestro da Banda Lyra, Carlos Lima, com as músicas clássicas, e também a dupla Mogiano e Mogianinho, com quase 60 anos de carreira no gênero sertanejo raiz. No entanto, apesar das diferenças entre os gêneros, uma coisa é certa: é preciso estar inspirado para compor e muito estudo para encaixar a letra na melodia e vice-e-versa, ou elaborar uma canção clássica que precisa dialogar com o ouvinte apenas pela melodia.

“Se você parar para pensar a música não vem. Já tentei sentar e raciocinar, mas não dá. Vem assim, às vezes estou na igreja, ouço alguma coisa, vejo um filme, jornal, televisão e do nada vem a ideia”, disse Adriel, que compôs sua primeira música aos nove anos.

“No meu caso a inspiração simplesmente vem, nos momentos mais inesperados, já compus na estrada, no ônibus e por aí vai. A inspiração é formada por fatores, desde momentos a uma simples noite bem ou mal dormida”, complementou Felipe Lima, que passou a desenvolver músicas para sua banda há cerca de três anos e já emplacou nas rádios alguns sucessos como “Dois a Sós, que trata sobre um amor nascido no Carnaval.

“Tudo pode inspirar. Na década de 1950 teve uma enchente aqui na cidade e Lázaro Adorno disse que a tromba d’água tinha deixado uma vala sob o trilho do trem, ele começou a dar sinal para o trem lotado de passageiro parar, se jogou em frente ao trem, e salvou os 300 passageiros. Fizemos a letra e fomos homenageados até pelo presidente da época o Juscelino Kubitschek por uma história verídica que virou música”, contou Mogiano.

A inspiração é tão maluca, que nem no banheiro ela deixou Adriel em paz. “Fiz uma das minhas melhores músicas no banheiro (“Um pouco de atenção”), lá tem uma acústica melhor, a sonorização é mais interessante”, disse ele dando esperanças para os compositores de chuveiro.

“Dois a Sós” compus na pista, dentro do carro e, para não esquecer, liguei para o Paulão (baterista da banda), e pedi para ele colocar o telefone no viva voz e gravar o som na hora”, lembrou Felipe.

Além disso, se não há inspiração, Mogiano e Mogianinho também ressaltaram que a canção pode ser inventada, como é o caso de o Menino da Porteira, que segundo eles, não se trata de uma história verídica, mas sim criada e confirmada por meio de seus compositores Teddy Vieira e Luizinho.

Independente do gênero musical, o ponto em comum é fazer o público se emocionar, transmitir aquilo que se acredita, que, segundo Felipe, não deve ser pensado sozinho e, portanto, é preciso compartilhar.

“O segredo eu acredito é compor algo que você escute e te deixe feliz, que emocione, que passe algo que seja difícil de pensar sozinho, seja isso frase ou sentimento”.

 

Narrativa por meio da melodia

Diferente dos compositores que fazem uso da melodia e das letras para expressarem ideias e sentimentos, os mestres destinados a elaborar músicas instrumentais têm apenas o som para transmitir suas mensagens para o público. Carlos Lima, maestro da Banda Lyra Mogimiriana, é um desses gênios, que no primeiro momento de cada música tem como obrigatoriedade localizar o ouvinte.

“O compositor instrumental e mais clássico tem que se virar só com o som para  transformar naquilo que queira, em que até o ouvinte mais leigo consiga identificar se é uma música de terror ou de comédia. Como naquele filme do Hitchcock, que pela música você já sabe que é terror”, explicou.

Devido às particularidades do gênero com o qual atua, o maestro considera que o compositor da canção que faz uso de letra e o que compõe música clássica são totalmente diferentes. “São quase profissões diferentes, quem trabalha com melodia é outra história”, apontou.

Um dos exemplos do maestro para explicar como funciona o processo de composição de uma música instrumental foi um dos trabalhos realizados por ele. Há algum tempo, o maestro foi chamado pelo fotógrafo Juarez Godoy, da cidade de Americana, para elaborar uma trilha sonora para o dvd “Viva de Americana”, composto pelas imagens do autor sobre o município.

“Eu vi as imagens e quis algo que tivesse a ver com os teares apresentados no início do dvd, tive que entrar no clima, peguei o violão de corda de aço e o som, apesar de irritante e repetitivo, caiu perfeitamente para o que ele queria”, contou.

Depois das imagens iniciais, Godoy precisou alterar a trilha, uma vez que a sequência de fotos passou a mostrar a grandeza da cidade conhecida como Princesa Tecelã. “Para esse caso eu não tinha objeto, era abstrato, mas como a cidade é conhecida como princesa criei um tema usando os minuetos, que eram tocados e dançados em castelos medievais. Coloquei violinos e clarinetas e é aí que diferencia porque o compositor clássico precisa do conhecimento histórico”, disse ele que já criou inúmeras composições clássicas também para balés, teatros e, em especial, para o hino de Mogi Mirim, em que atuou na elaboração da harmonia.

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