sábado, novembro 23, 2024
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Comunidade Bahá’í celebra 100 anos da religião no Brasil

No último dia 1º de fevereiro, a Fé Bahá’í completou 100 anos de sua chegada ao Brasil. Marcada por devoção, serviço e coragem, a comunidade religiosa possui seu núcleo em Mogi Mirim e está comemorando a importante data.

Aqui em nossa cidade, a Comunidade Bahá’í existe há pouco mais de 60 anos, após a vinda de pioneiros persas, os irmãos Hussein e Qodrat’ulláh Soltani, que chegaram e se estabeleceram no município. Desde então, a Comunidade Bahá’í cresceu e se enraizou, promovendo reuniões devocionais, círculos de estudos, grupos de pré-jovens, aulas para crianças, ações sociais, entre outros.

Fundada em 1863, por Bahá’u’lláh, a Fé Bahá’í, no mundo todo, tem como princípio a unidade das religiões, das culturas e da humanidade. Dentre alguns outros princípios estão a harmonia entre ciência e religião, a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres e a eliminação de preconceitos de qualquer espécie.

Neste ano, os bahá’ís da América do Sul celebram o centenário da chegada de Leonora Stirling Holsapple, lembrada hoje como Leonora Armstrong ao Brasil. Sua importância histórica deve-se ao fato de ter sido a primeira seguidora de Bahá’u’lláh, o fundador da Fé Bahá’í, a se estabelecer no continente.
Leonora foi uma figura singular que, ao se mudar desacompanhada para um continente ‘estranho’, em 1921, rompeu expectativas do que uma jovem mulher, bem-educada e solteira, deveria fazer no século 20. Extremamente tímida e desprovida de autoconfiança, sua história exemplifica uma vida de coragem e total sacrifício aos demais.

Começou sua vida em Salvador (BA), alugou um edifício na Cidade Baixa e abriu uma creche em que atendia menores abandonados. Em seu desejo de ajudar os outros, proveu abrigo provisório a refugiados de guerra e, em ocasiões diversas, fez lugar em seus limitados aposentos para crianças ou mães solteiras necessitando de ajuda temporária.

Apesar de professora por profissão, tornou-se conhecida entre os pobres como uma enfermeira leiga, inclusive, oferecendo apoio durante um surto de cólera no Ceará. Durante toda a sua vida, realizou trabalho voluntário em instituições de serviços sociais. Além de Salvador, viveu por vários anos no Rio de Janeiro e passou os últimos dez anos de sua vida em Juiz de Fora, Minas Gerais. Viajou durante 60 anos por todo o Brasil, sempre de ônibus comum.

De Porto Alegre (RS) a Manaus (AM) e Belém (PA), de Belo Horizonte (MG) a Salvador, e de lá a todas as capitais do Nordeste. Para se sustentar, Leonora aceitou muitos tipos de serviços – dando aulas particulares de inglês, dirigindo uma pequena escola, e até mesmo trabalhando como guarda-livros na área contábil para uma oficina e agência de automóveis.

Também se destacou por seu trabalho como tradutora. Aprendeu logo o português e o espanhol, e traduziu os primeiros livros da Fé Bahá’í para esses dois idiomas, publicando várias obras na década de 30 e 40. Hoje, existem centenas de títulos sobre a Fé Bahá’í nesses idiomas, que se apoiaram nos esforços iniciais de Leonora e hoje estão distribuídos em toda a América Latina e alguns outros países de língua portuguesa.

Ainda foi uma defensora atuante dos direitos da mulher, sendo uma luz de inspiração para o trabalho feminino em prol da paz mundial e da educação. Em seus últimos momentos de vida, em 1980, gravou uma mensagem com a voz fraca, mas com palavras de muita firmeza e estímulo, dirigida a 300 mulheres reunidas em Brasília para uma conferência internacional de mulheres, que aconteceu em 17 de outubro, justamente o dia em que Leonora Armstrong faleceu.

Depois de sua morte, recebeu várias homenagens, inclusive de autoridades e pessoas proeminentes. Em sua memória temos hoje mais de uma dezena de escolas e creches, em particular no Amazonas, no Pará e na Bahia.

Por aqui
Em Mogi Mirim, a comunidade Bahá’í se estabeleceu em 1959, com a chegada de uma família de pioneiros, e desde então a comunidade Bahá’í tem expandido e envolvendo cada vez mais amigos da Fé em seus trabalhos e iniciativas, sob a bandeira de “A terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos” (Escritos Bahá’ís).

A Comunidade Bahá’í de Mogi Mirim fica à Rua Dr. Edgard Netto Araújo, 94, no Centro. É possível fazer contrato através do e-mail [email protected] ou do telefone (19) 97143-2706.

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