Era uma vez uma moça chamada Angélica Colombo Gonçalvez Luiz, que vivia no reino não muito distante chamado Mogi Guaçu. Ela era branquinha, tinha os cabelos bem escuros e adorava contar histórias para crianças, adolescentes e adultos e até para velhinhos. Sim, ela era uma contadora de histórias, que são aquelas pessoas que, segundo ela, brincam com as palavras, sonhos, imaginação, expressões e sentimentos (muito sentimento) que irão repercutir no interior de cada pessoa…
A personagem da nossa história, Angélica, que é atriz e também formada em dramaturgia infantil, trabalha com contação há sete anos, e se apresenta em livrarias, escolas, bibliotecas e diversas instituições. “Conto histórias da literatura infantil brasileira e estrangeira, contos africanos, árabes, persas, contos medievais, contos caipiras, contos de fadas e muitas vezes escrevo histórias infantis. Muitas vezes sinto essa necessidade de contar as minhas próprias histórias”, explicou.
Para contar as histórias, Angélica faz uso de objetos, cenário, figurino e também de maquiagem. O importante, segundo ela, é mexer com a imaginação do público. “Nem sempre uso o real objeto para representar ele, e sim algo que lembre. Isso para estimular a imaginação da criança e não entregar a ideia pronta. Então uso, por exemplo, um guarda-chuva para fazer a roda de uma bicicleta, uma botina de ponta cabeça para fazer o lobo mau e assim por diante”.
O trabalho de contação de histórias é muito importante e um dos benefícios é que pode estimular as crianças a lerem, a se interessarem por livros. No entanto, como frisou, é importante que os pais e os professores também incentivem os pequenos para que a atividade se torne um hábito. Contar histórias também pode ser uma maneira de recuperar as pessoas, uma vez que a arte tem esse poder. “Uma experiência que me marcou muito foi quando contava histórias para pacientes com transtornos sérios em um hospital psiquiátrico de São Paulo. Lá com a contação de histórias ajudei uma paciente que estava internada há 25 anos. Com todo o trabalho que fizemos durante um ano ela teve alta e nunca mais voltou a ser internada. Não há recompensa maior que essa na minha vida”, finalizou.
Um dia me contaram, hoje eu contei a vocês, que vocês contem a outros para que a sabedoria nunca saia do coração dos homens.
Quem pode ser contador
Qualquer pessoa conta histórias ou pode contá-las. No entanto, a partir do momento em que se vai trabalhar com contação “o buraco é mais embaixo”, afinal é preciso se especializar, já que você irá interferir diretamente na formação de uma pessoa. “Tenho certeza que necessita de uma especialização, pois há técnicas, há métodos, há estudo e para ter qualidade é necessário saber o que está fazendo. O que acontece é que todos acham que podem ganhar dinheiro contando histórias de qualquer jeito, e isso banalizou a profissão”, pontuou.
Contação nas escolas de Mogi Mirim
Um novo projeto foi lançado pela Prefeitura de Mogi Mirim neste mês. Ele se chama Contos do Vovô e trata de uma iniciativa que integra os alunos e os idosos, que vão até as escolas municipais e centros educacionais de primeira infância para contar suas histórias. Pessoas a partir de 50 anos podem participar como voluntários nas unidades de seus bairros.
Os interessados passam por uma entrevista e são orientados pela equipe pedagógica da Secretaria de Educação sobre o processo de contação de histórias.
Elizabete de Fátima Pedroso, de 51 anos, estreou o projeto no dia 9, na Emeb Regina Maria Tucci de Campos, no bairro Santa Cruz. Elizabete relatou casos de sua infância vivenciada na zona rural e ainda leu para os alunos.
Serviço
Os interessados devem inscrever na Secretaria de Educação, localizada na Rodovia Deputado Nagib Chaib, 550. No ato da inscrição, passam por uma entrevista e são orientados pela equipe pedagógica da Secretaria de Educação sobre o processo de contação de histórias.
