sábado, abril 19, 2025
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Controvérsias da Antiga Política Mogimiriana

Antes do famoso Grito do Ipiranga, Mogi Mirim era inteiramente submissa às ordens e leis emanadas de Portugal e que eram cumpridas com o maior respeito pelos vereadores de nossa Câmara Municipal. Existia uma união de pensamentos com a pátria irmã, que denotava uma cumplicidade de poder, embora as injustiças cometidas pelos nossos colonizadores fossem muitas e atingissem de maneira cruel o povo brasileiro.

Em 26 de fevereiro de 1821, aconteceu no Rio de Janeiro um movimento popular que exigia de Dom João VI, o juramento de uma constituição que servisse de base legal para os atos do governo português em terras brasileiras. Com dificuldades para dominar aquele movimento de protesto e não querendo derramar sangue, o Rei de Portugal acabou cedendo e mandou lavrar um decreto adotando a reclamada Constituição e que estaria sendo preparada na Corte de Lisboa. Vejamos o mencionado e dúbio decreto:

“Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de 1821, aos 26 de janeiro do dito ano, nesta cidade do Rio de Janeiro e em casa do Teatro, onde apareceu o Sereníssimo Senhor Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Dom Pedro de Alcântara, onde se achava reunida a Câmara desta mesma cidade e Corte do Rio de Janeiro atualmente, o mesmo Sereníssimo Senhor Príncipe Real, depois de ter lido na varanda da mesma casa, perante o povo e tropa que se achavam presente, o real decreto de S. Majestade El Rei Nosso Senhor, de 24 de fevereiro do presente ano, no qual S. Majestade certifica ao seu povo que jurará imediatamente e sancionará a Constituição que se está fazendo no Reino de Portugal”. Notem a antedatação e confusão de datas desse decreto.

Essa “constituição” entrou em vigor meses depois e foi solenemente jurada em Mogi Mirim no dia 15 de julho de 1821 na Câmara Municipal e com a presença dos vereadores, autoridades e povo, num ambiente festivo e que exprimia a satisfação reinante em nossa terra pela tão almejada conquista.

No início do ano seguinte, em 27 de janeiro de 1822, o escrivão Pedro Lourenço Lima registrava na ata de reunião da Câmara de Mogi Mirim louvores ao Reino de Portugal e de cujos dizeres transcrevemos um pequeno trecho: “…logo, pelo Capitão Manuel Dias de Barros, Procurador Agente da Fazenda Nacional, com vênia rompeu o brado dos seguintes viças: ‘Vivam as Côrtes de Lisbôa’ – ‘Vivam a nossa Princesa Real’ – ‘Viva a união do Brasil com Portugal’.”.

E seguem muitos outros vivas a Portugal e sua autoridades, denotando um rebaixamento servil aos colonizadores de além-mar.

Na sessão de Câmara em 10 de outubro de 1822, as autoridades e o povo de Mogi Mirim promoveram grandes festividades pela libertação política do País, a proclamação de sua independência. Conforme ata da Câmara, aconteceram repique de sinos, fogos, descargas da Companhia de Ordenanças, além de solenes ofícios religiosos na Matriz de São José para celebrar o grande acontecimento.

Mas é interessante registrar, que, poucos dias antes, os vereadores da Câmara Municipal de Mogi Mirim festejavam e ovacionavam a união do Brasil com Portugal, rendendo-se ao governo português e sua ação colonizadora. Convenhamos, esse nunca foi um fato novo na política brasileira e que anda conforme sopra o vento.

Anote-se também as comemorações ocorridas em Mogi Mirim no dia 7 de setembro de 1922 e quando ocorreu o 1º centenário da Independência. Grandes festejos celebraram a data e acho curioso mencionar que naquele dia foram plantadas as palmeiras imperiais na Praça Rui Barbosa, em homenagem ao Imperador D. Pedro I e seu grito heróico ás margens do Ipiranga. As palmeiras e que até hoje existem, representam um símbolo de liberdade política.

Preceitos Bíblicos – “Disse o Senhor: Eu sou Javé e não mudo. Vocês, ao contrário, filhos de Jacó, vocês não se definem. Desde o tempo de seu antepassados, vocês se afastam dos meus estatutos e não guardam os meus decretos.” (Malaquias 3,6)

Túnel do Tempo – 4 de maio de 1822 – A Câmara Municipal de Mogi Mirim nomeia uma comissão composta dos vereadores Francisco Antonio de Araujo e Martinho Dias Pacheco, para cumprimentar o Príncipe Pedro por ocasião de sua visita a São Paulo.

Legenda da foto – Casa onde residiu o Dr. Antonio Rodrigues do Prado, último presidente da Câmara Municipal de Mogi Mirim antes da Proclamação da Republica e ainda na Época Imperial. O prédio localizava-se na Rua José Bonifácio, onde atualmente está a agência dos Correios.

 

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