Depois dos recentes episódios sobre a denúncia da revisão dos salários do prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB), da vice-prefeita Lúcia Tenório, dos secretários municipais e também do reajuste dos vereadores da Câmara Municipal, a única certeza que se tem é de que tanto o Poder Executivo quanto o Poder Legislativo perderam parte da credibilidade em apenas poucos meses de governo.
De fato, a imagem perante a população mogimiriana ficou “esfolada”. Ambos os poderes terão que se esforçar para tentar recuperar a confiança dos munícipes, especialmente o prefeito, uma vez que o caso da revisão salarial gerou uma onda negativa de comentários. Analisando os fatos, independente dos atos da Prefeitura e da Câmara terem respaldo jurídico e legal, a atitude não foi moral, ainda mais em um momento financeiramente complicado para a cidade. A equipe de Carlos Nelson foi imprudente ao não divulgar, logo no início, a revisão dos salários.
Contudo, a Câmara não ficou atrás na questão transparência. Embora a aprovação do reajuste dos parlamentares tenha sido publicada no Diário Oficial do Município, nenhum vereador levou o tema para tribuna no dia 8 de maio, data da aprovação do projeto. Todos se calaram naquela sessão. Por que não falaram para o público que os próprios salários seriam reajustados? Pelo contrário, durante todo o tempo, o projeto foi tratado como “o reajuste dos funcionários” do Legislativo, conforme os discursos registrados em ata e consultados por O POPULAR.
Nem mesmo a emenda do projeto trazia a informação de que os vereadores também receberiam o reajuste. A referência aos parlamentares estava presente somente no artigo 2º do projeto. Portanto, o erro foi o mesmo. Como apontar a conduta do Executivo, se o Legislativo também não se manifestou no momento certo? Esperou-se a aprovação da lei para depois ser apresentado um questionamento ao Ministério Público.
A prova de que o governo Carlos Nelson errou foi a decisão de devolver o dinheiro aos cofres públicos, como noticiado na última edição. um indício desse equívoco foi a readequação do quadro de secretários da Administração Municipal, anunciada na segunda-feira. Afinal, só se mexe em time que não está ganhando.
O mesmo caminho deve ser trilhado pelo Legislativo, que já acordou em revogar o artigo da lei que prevê o reajuste dos salários dos edis. A expectativa é que também devolvam o valor reajustado deste mês. Todo esse desgaste político, além de físico e emocional, poderia ter sido evitado, bastava comunicação. Nesse caso, os dois poderes pecaram por não saber pronunciar seus atos na hora exata. Agora, restam a eles colher as consequências.