Olhos atentos e taco preparado para rebater a bolinha disparada por uma máquina. Em seguida, o semblante de frustração por não atingir a bola lançada a aproximadamente 50 quilômetros por hora ou a alegria por conseguir fazer a rebatida. Essas foram cenas de momentos especiais vividos por crianças em vivência do beisebol em oficina gratuita no Complexo José Geraldo Franco Ortiz, no Lavapés, realizada no dia 29.
Esporte desconhecido da maioria, que só havia visto na televisão, o beisebol divertiu crianças com uma estrutura inflável itinerante montada no campo de futebol. Uma das atrações foi a presença do jogador da seleção brasileira Jean Tomé. Orientando as crianças, além de Tomé e dos monitores, estava o técnico do time de Vargem Grande Paulista, Vinícius Garcia. Segundo estimativas da Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (Sejel) da Prefeitura, mais de 300 crianças participaram. Alunos de escolas municipais e do projeto ICA (Incentivo à Criança e ao Adolescente) compareceram, além de crianças levadas pelos pais de forma avulsa.

A parte teórica foi apresentada antes das experiências em estandes, cada um trabalhando um dos aspectos do esporte, como corrida, arremesso com velocidade observada no radar, arremesso com foco na pontaria e rebatida com o taco. As bolinhas foram mais leves, adaptadas às crianças, que puderam fazer perguntas.
“Eles perguntaram se era o jogo do Pica-Pau”, contou Jean, em função de episódios do desenho envolvendo o esporte.

A experiência encantou diversas crianças, especialmente a rebatida. “Não conhecia, é muito legal, consegui acertar uma vez a bola”, vibrou Danilo Richard Campos Júnior, ponderando, porém, ainda preferir o futebol.
Já João Guilherme conhecia o beisebol pela televisão. “Eu tinha vontade de jogar”, revelou, contando que agora deseja ser jogador de futebol ou beisebol.
A garota Ana Cláudia Silva lamentou que não conseguiu rebater a bola, mas ficou com desejo de jogar uma partida. “Eu entendi as regras mais ou menos. Quando vamos jogar de verdade?”, questionou, despertando a curiosidade das professoras.

A professora Dulceneia Citelli, da Escola Municipal da Educação Básica (Emeb) Altair Rosa Corsi Costa, pretende exibir um vídeo aos alunos sobre o beisebol. “Eles querem mais, foi uma novidade”, salientou.
O evento foi uma parceria entre o Sesc, Sindicato do Comércio Varejista de Mogi Mirim (Sicovamm) e a Prefeitura, com o objetivo de divulgar o esporte. A ação integra a campanha Move Brasil, que visa aumentar o número de brasileiros praticantes de esportes e atividades físicas até 2016, ano das Olimpíadas do Rio de Janeiro, embora o beisebol deva voltar a integrar os Jogos apenas em 2020, em Tóquio, no Japão. A estrutura montada roda o país, em trabalho de divulgação do beisebol no Brasil comandado pela Major League Baseball, dos Estados Unidos.
Região tem times de beisebol para crianças
As crianças interessadas em praticar beisebol devem procurar times da região, que podem aproveitar potenciais talentos. Em Campinas, Limeira e Indaiatuba, há equipes de categorias de base, assim como em Atibaia, onde atua o jogador da seleção brasileira Jean, que esteve em Mogi Mirim. Alguns clubes podem cobrar para as crianças participarem, mas outros como em Atibaia não cobram. Em São Paulo, há vários clubes.
Jean lembra que no Brasil existem muitos talentos com potencial, mas que acabam indo para outros esportes. Ele próprio já havia jogado futebol e vôlei, antes de ser descoberto em Atibaia e acabar se tornando um profissional, jogando um ano na Venezuela e três nos Estados Unidos. Depois acabou se machucando e voltando ao Brasil.
No Brasil, se estima haver 100 mil praticantes nas diversas faixas etárias, incluindo veteranos. Há campeonatos estaduais e nacionais, além da Taça Brasil envolvendo os cinco times mais fortes. No Brasil, não há profissionais, mas os brasileiros podem jogar profissionalmente no exterior. A seleção brasileira vai disputar o Sul-Americano, que é classificatório para o Pan-Americano.
O beisebol é considerado um esporte caro em termos de custos de material como bolas, taco e capacetes, mas em clubes são disponibilizados os materiais, com os atletas levando apenas as chuteiras. Em termos de estrutura, é necessário um local específico, mas para treinamento é possível usar um campo de futebol, dividido em até quatro faixas com treinos simultâneos.

Como perfil, é mais apropriado o biótipo alto, mas há espaço para baixinhos e gordinhos. “O beisebol é democrático, existem gordos rápidos”, observa Garcia.
No Brasil, o jogo feminino é chamado de softbol, que tem uma forma diferente de arremesso, mas no exterior há o beisebol feminino também.
O secretário de Esportes, Juventude e Lazer de Mogi Mirim, Dirceu Paulino, valorizou o evento como forma de incentivar o esporte, mas, embora admita um desejo, sabe das dificuldades em se implantar o beisebol em Mogi Mirim até pela falta de especialistas no assunto na cidade, além de outros problemas. Mas há a ideia de trazer o evento novamente, desta vez em um final de semana para atrair mais interessados.