O atraso no pagamento de salários, escancarado na última semana, quando a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, admitiu a dívida com 13 médicos ligados ao Consórcio Intermunicipal de Saúde 8 de Abril, o que ocasionou na redução em 50% no número de atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), medida que começará na segunda-feira, não foi o único problema registrado pela pasta. O transporte de pacientes para as cidades de Campinas, São João da Bosta Vista e Divinolândia foi prejudicado, tudo devido ao atraso no pagamento.
Para sanar o problema e continuar a oferecer o serviço para os três municípios, que chegou a ser suspenso temporariamente na última quarta-feira, o Executivo se viu obrigado a recorrer à frota municipal, inclusive, com o reparo e conserto de veículos que já estavam descartados e que seriam leiloados, tudo para garantir o atendimento, já feito pela própria secretarias nos últimos meses. Apenas o transporte para São Paulo operava sem problemas devido a existências de veículos maiores que o município não disponibiliza. Em coletiva de imprensa na sexta-feira, concedida pelo secretário de Saúde Jonas Alves Araújo Filho, o Joninhas, o problema foi admitido e contextualizado por sua equipe técnica.
Segundo profissionais ligados à pasta, o contrato com a empresa responsável pelo transporte para São João e Divinolândia foi encerrado em julho. O processo licitatório para a escolha de novos responsáveis pela condução está pronto, e aguarda a assinatura do contrato para retornar. Entretanto, poucos veículos deverão ser utilizados devido à falta de dinheiro.
Já o contrato com a empresa que transportava os pacientes até Campinas também acabou e passou a ser assumido pela própria secretaria.
Gastos
Reassumindo o serviço, ainda por tempo indeterminado, a Prefeitura teve que contrariar a ordem para economizar e gastar com o combustível e horas extras de funcionários, a fim de conseguir realizar o transporte e não deixar os pacientes na mão. Na avaliação da secretaria, o investimento é menor em relação às despesas com veículos terceirizados.
O problema no transporte gerou descontentamento para aqueles que precisam do serviço. Por meio do canal “Você Repórter”, disponibilizado no site de O POPULAR, a reportagem recebeu o depoimento de Jéssica Cristina Rocha. Segundo ela, na última quinta-feira, a avó, Leonilda da Silva de 74 anos, acompanhada de sua filha e mãe de Jéssica, foi até São Paulo para uma cirurgia junto a outros pacientes em uma van cedida pela própria Secretaria de Saúde. Ela conta que devido a alguns problemas de saúde e até pelo nervosismo, a pressão de sua avó subiu, atrasando a cirurgia.
“Com isso a van simplesmente veio embora para Mogi Mirim deixando minha vó e minha mãe no hospital. Ao ligarmos na Secretaria de Saúde eles simplesmente disseram pra esperarmos que hoje (quinta-feira) eles iriam ver o que poderiam fazer, ou seja, não deram nem certeza de que iriam mandar alguma ambulância para buscá-las”, disse à reportagem.
Leonilda teve que permanecer no hospital, segundo a neta. “Um descaso total com uma senhora que havia acabado de fazer uma cirurgia e que não pode nem voltar pra sua casa e ainda teve que dormir em uma cadeira de hospital”, lamentou.