sábado, novembro 23, 2024
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Cultura de portas fechadas

A Prefeitura peca quando resolve fechar as portas do Centro Cultural Professor Lauro Monteiro de Carvalho e Silva aos finais de semana. A medida, anunciada como forma de contenção de gastos, limita e restringe o trabalho que um grupo de voluntários vem desenvolvendo junto aos jovens da cidade.

Economizar em tempos de crise parece ser uma atitude sensata quando gastos supérfluos são evitados. Mas, a medida não é inteligente quando se trata de arte. O Centro Cultural deveria ser um espaço de intensa movimentação e liberdade. Contudo, o que se tem visto é um vazio. Com poucos lugares e opções de lazer aos sábados e domingos, a iniciativa do Poder Público só tende a colaborar com a inatividade, além de atingir a Constituição Federal.

A Cultura sempre foi uma área coadjuvante nos governos porque nunca foi vista como algo essencial. Geralmente tratada com desdém, é uma das primeiras a sofrer as consequências de uma má administração; começando com o cancelamento do Carnaval e, posteriormente, dos desfiles de 7 de Setembro.

As salas do Centro Cultural eram utilizadas pelos voluntários para trabalhos relacionados ao teatro, dança e à escrita. Agora, aproximadamente 100 jovens estão prejudicados com o corte. A medida gerou uma insatisfação e os adolescentes até mobilizaram um protesto na Câmara Municipal. Com cartazes em punho, eles cobraram do Executivo mais atenção para a área cultural. Algumas mensagens criticavam os gastos abusivos do governo com locações de imóveis e carros de luxo.

A medida da Prefeitura chega a ser um tanto ingrata com os profissionais que levam o nome de Mogi Mirim para outras regiões. O The Kings Dance, grupo do coreógrafo Denilson Scarpiti, por exemplo, terá que arrumar um outro local de ensaio. Scarpiti prepara 35 alunos para uma apresentação no Festival de Dança de Rua – o Dunada Street Dance – que será realizado nos dias 14 e 15 de novembro, na cidade de Santos.

O professor fez até um levantamento e constatou que a economia da Prefeitura com água e energia do prédio seria de apenas R$ 35 por mês, já que boa parte dos ensaios é realizada durante o dia. O valor pode ser considerado medíocre se comparado ao aluguel de um prédio por R$ 22,8 mil.

O aviso que o local ficaria fechado aos finais de semana caiu como uma amarra para essas manifestações artísticas. Investimento em cultura deveria ser uma das prioridades de um governo. Fomentar esses movimentos é uma forma de libertar o ser humano para novas perspectivas e, sobretudo, acreditar na possibilidade de transformar vidas.

 

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