sábado, novembro 23, 2024
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Cultura e o esforço premiado

Em um período da administração municipal em que o setor cultural agoniza, com a falta da preocupação adequada demonstrada em questões como escolhas de secretários de Cultura sem os devidos critérios, cancelamento dos festejos carnavalescos e desprezo pela Virada Cultural, uma notícia positiva envolvendo um talento de Mogi Mirim pode ser comemorada, demonstrando que o trabalho competente é capaz de render frutos valiosos.
Integrante do grupo Cafezal, o músico Marcelo Rocha Passos seguiu aos Estados Unidos acompanhado de outros três colegas para divulgar a música popular brasileira. O trabalho foi desenvolvido na Universidade de Cincinnati, no Estado de Ohio. Além de palestra de contextualização, foram oferecidas aulas práticas e dúvidas foram tiradas.
Em âmbito nacional, é interessante analisar que o produto e as manifestações culturais brasileiras desenvolvidas na realidade de um país de terceiro mundo, em que a população carrega uma vertente inculta, atraem o interesse de uma nação como a norte-americana, acostumada a definir padrões. Embora o Brasil seja muito valorizado no exterior por manifestações culturais, observar a participação de músicos palestrando em solo norte-americano é algo a ser celebrado.
Em âmbito municipal, a valorização de Passos no exterior é simbolicamente especial pelo fato do músico ser fruto do trabalho da Banda Lyra Mojimiriana, que nem sempre recebe o devido reconhecimento na cidade. A possibilidade de a Lyra deixar Mogi é preocupante no que tange ao fim de um importante berço de surgimento de músicos. O próprio Passos destacou a importância da Lyra na base para alunos conseguirem chegar a escolas públicas.
A sociedade mogimiriana e até a iniciativa privada deveriam abraçar a Lyra como um braço importante da comunidade. Assim como Passos, a Lyra não se restringe à cidade, levando o nome de Mogi para outras localidades, inclusive com festivais no exterior, com participação de crianças, gerando um intercâmbio cultural para jovens mogimirianos. As crianças têm a oportunidade de estudar e se manifestar para a sociedade. Seria importante o poder público abraçar realmente a importância da Cultura, não se limitando no caso musical a repassar verbas para convênios de cursos.
Porém, a realidade atual é de lamentos. Mogi sofre com a carência de uma política cultural e até com a falta de um pensamento global em detrimento em certos aspectos de uma nefasta e improdutiva briga de egos entre personagens locais, escancarada em desentendimentos inférteis na esfera do Conselho Municipal de Cultura.
O entendimento de que a cultura é parte essencial para alicerçar o desenvolvimento social parece passar longe de muitos que comandam o setor no município. A notícia do trabalho de Passos nos Estados Unidos serve como um sopro de esperança de como um trabalho bem feito, unindo conhecimento de um grupo com dedicação individual, pode fazer a diferença.

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