Curiosidades do Champion Rádio Jornal
Depois de contar no último sábado a história do Champion Rádio Jornal, hoje falo sobre fatos curiosos e interessantes acontecidos durante os dez anos em que apresentei o programa ao lado de Arthur de Azevedo.
O banho do Toninho
O empresário Antonio Januzzi era fã inveterado do programa e não costumava perder nenhuma edição. Como tinha por hábito banhar-se justamente no horário do Champion e não queria de maneira alguma deixar de ouvir o noticiário, acabou resolvendo o problema com uma idéia inventiva e realmente curiosa: Januzzi instalou um possante alto-falante no banheiro!!! Junto com esfregões de sabonete e duchas de água quente, seus ouvidos cheios de espuma captavam os sons e noticiários do Champion Rádio Jornal! Desse modo, seu banho durava o mesmo tempo do programa, que tinha meia hora!
A errônea pesquisa
Era impressionante a audiência do Champion Rádio Jornal, fato atestado oficialmente por uma pesquisa encomendada junto ao IBOPE pela direção da fábrica de Mogi Guaçu. Sob a supervisão de funcionários do IBOPE, foram recrutados duas dezenas de estudantes para visitar residências que possuíssem aparelhos de rádio, durante o horário do programa, preenchendo fichas e onde a pergunta era: que programa de rádio estão ouvindo nesse momento?
Cerca de oitocentos formulários foram entregues aos supervisores do IBOPE que, após consultar o resultado, disseram aos estudantes: o trabalho de vocês foi decepcionante, pois não é possível existir 89 por cento de audiência num único programa de rádio!
Por conta disso, foram escolhidos outros estudantes e providenciou-se nova pesquisa, Resultado: constatou-se que realmente a primeira pesquisa estava errada, pois a segunda apresentou 92 por cento de audiência!!!
Radinhos de pilha
Na época, eram poucos os sítios e fazendas que possuíam iluminação elétrica, prevalecendo ainda os lampiões à querosene. Mas, a coqueluche eram os radinhos de pilha. Cada agricultor tinha o seu. E na hora do Champion Rádio Jornal os radinhos eram acionados tanto na roça como nas sedes, mantendo bem informados os homens do campo. Em minhas andanças pelos sítios, diversas vezes agricultores me diziam (sem nunca ter me visto): eu te conheço! Depois explicavam: eu conheço a sua voz, você é Nelson Patelli Filho!
Rádio – Peão
O prestígio do programa era grande entre os funcionários da Champion Papel e Celulose e na década de 60 surgiu naquela indústria o célebre Rádio Peão, divertida réplica imitando com noticiário interno boca-a-boca as novidades e fofocas diárias!
O Estrilo do Ouvinte
Era uma seção do programa que tinha notável penetração popular e grande influência entre os políticos da época. A vinheta de abertura lembrava a voz do Pato Donald e em seguida eram apresentadas as reclamações do povo sobre os mais variados problemas, com a cobrança de providências por parte da administração municipal, prefeito e vereadores. O Estrilo do Ouvinte era tão eficiente e temido pelas autoridades, que já no dia seguinte as reclamações eram atendidas, com impressionante rapidez!!! Máquinas eram acionadas, funcionários recrutados, tapando buracos, podando árvores, cortando matos…
Nagibão e o Estrilo
No final de um de nossos programas, recebemos a visita do Nagibão Balech, que veio protestar contra um estrilo de ouvinte feito minutos antes, quando um cidadão reclamava de um terreno baldio, sem muros e cheio de mato e lixo, em meio a uma plantação caseira de milho. Arthur perguntou ao Nagibão:
– Por acaso o terreno é seu?
Desconcertado, Nagibão respondeu afirmativamente, mas acrescentou:
– É meu, mas não fui eu que joguei o lixo e nem plantei o milho!
Nesse momento, Arthur, eu e o sonoplasta Carlos Mathias caímos em risos, sendo inesperadamente acompanhados pelo Nagibão e que, mais calmo e sorridente, contou que estava no Bar do Pila tomando café com amigos, quando ouviu o Estrilo (o Bricho Pila costumava deixar o rádio ligado no programa).
Foi a maior gozação quando todos souberam que o terreno era do Nagibão. Resumo da historia: no dia seguinte, o Nagibão providenciou a limpeza e a construção de muros no terreno. No local, hoje existe o Bar dos Carecas.
Túnel do Tempo – 12 de janeiro de 1831: o Conselho Providencial autorizou nessa data a edificação do primeiro Matadouro Municipal de Mogi Mirim, no Bairro Aguardente do Reino (atual chácara São Marcelo).
Preceitos Bíblicos – “Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade e até aqui tenho anunciado as tuas maravilhas. Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares ó Deus”. (Salmo 71-17-18)
Legenda da foto de capa – Em agosto de 1959, eu iniciava a parceria com Arthur de Azevedo na apresentação do Champion Rádio Jornal, na Rádio Cultura de Mogi Mirim (atual Transamérica). Foram 10 anos narrando as principais notícias da região, do Brasil e do mundo.