Você sabia que a cidade vizinha, Mogi Guaçu, tem um cursinho gratuito que funciona a partir de diversos educadores voluntários e com uma proposta que visa não só preparar o estudante para o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, que dá acesso às universidades, em especial às públicas, mas também reforçar a autonomia dos participantes? A cada semana são realizadas oficinas diferentes, que mesclam várias matérias a partir de um tema central e assim colocam em prática a tal da interdisciplinaridade, que visa mesclar os conhecimentos tornando-o “um todo”. Pois bem, o cursinho existe e se chama Cipó de Saber, e está com inscrições abertas para quem deseja participar. As inscrições seguem até o dia 16 de abril, que é o próximo domingo, e deve ser feita por meio de um cadastro na internet (conforme endereço abaixo). As aulas, que ocorrerão durante todo o ano nas tardes de sábado, entre 13h30 e 17h30, serão iniciadas no dia 29 deste mês e, por enquanto, irão ocorrer na Escola Estadual Padre Armani que cedeu o espaço para a atividade ser realizada.
Esse não é o primeiro ano do Cipó de Saber. Desde o ano passado, o cursinho funciona na cidade e já chegou a atender cerca de 80 pessoas. Em 2016, o projeto foi realizado em outro local, no Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento Social Sustentável, o Cadess, e só foi possível por conta de uma incentivadora muito importante, que é a coordenadora do espaço e se chama Bia Vedovello, que carinhosamente emprestou o espaço, localizado no Centro, ao Cipó.
Na ocasião, durante todo ano, oitenta pessoas participaram. Mas a turma geralmente é formada por cerca de 30 estudantes. No entanto, como a lista não para, caso alguém desista do curso, sempre chegam novos interessados. Por isso, mesmo que haja uma seleção para os participantes nesta primeira fase, a oportunidade existirá a qualquer momento.
De acordo com Sérgio Campos e José Afonso Valério Júnior, que são educadores voluntários do Cipó de Saber, a seleção se dá por análise do perfil socioeconômico e também por meio de uma conversa com os organizadores, que são das mais variadas áreas do conhecimento. A ideia partiu de pessoas que lutam constantemente para a melhora na educação e que por este motivo organizaram o que chamam uma comunidade de aprendizagem, onde não só os alunos aprendem, mas há a troca de conhecimento entre todos. Por isso, comunidade!
“A gente vê que aqueles moldes da escola atual não funciona, não dá condições do aluno se desenvolver. Então, pensamos em criar o cursinho com bases em oficinas e interdisciplinaridade, onde tem um eixo gerador, que é a temática principal, mas que roda com mais duas ou três disciplinas”, destacou Sérgio Campos.
Um dos exemplos citados por José Afonso Valério Júnior foi o tema visão, em que fizeram uso da Física para tratar sobre os fenômenos ópticos e da Sociologia para tratar sobre ideologia, que é a visão de mundo. Tudo junto, ao mesmo tempo, agora!
A proposta é mais ampla ainda se pensarmos que o cursinho realiza, inclusive, assembleias a cada sábado. Desde o início, os estudantes são convidados a conversarem sobre seus valores e os valores que serão coletivos durante o período em que passarem juntos e ao final de cada aula realizam conversas que tratam sobre suas posturas em grupo, avaliação da aula, propostas de temas para as próximas semanas, etc. Ou seja, existe toda uma preocupação em tornar o jovem uma pessoa que busque, que dialogue, que se posicione, que participe da sociedade e não esteja apenas presente no mundo, sendo levado pela multidão. Conforme o poeta Bertolt Brecht diz em Elogio ao Aprendizado: “o que você não sabe por conta própria, você não sabe. Ponha o dedo sobre cada item. Pergunte. Você tem que assumir o comando”. E está aí, a grande importância de se tornar autônomo.
Inclusive, a fim de reforçar a necessidade da autonomia, os participantes também recebem suporte de psicólogos. Para quê? Para conversas que tratem sobre as relações interpessoais, seus projetos de vida e ainda orientação profissional.
“A ideia é reforçar os laços de autonomia, para que as pessoas passem a buscar. O objetivo é produzir a mobilidade social e os estudos dizem que é somente com a graduação que as pessoas podem conseguir”, finalizou José Afonso Valério Júnior.
Como participar
Por ser popular e gratuito, o cursinho recebe ajuda, e qualquer delas é bem vinda. Seja doação de materiais, como papel, por exemplo, financeira, ou proposta de realização de oficinas com os estudantes, o Cipó de Saber está de portas abertas. No Facebook do grupo também tem uma ficha de inscrição para os interessados e há a opção de realizar uma única intervenção, por exemplo. Não é algo em que o voluntário ficará preso, caso não deseje. É livre, aberto para as possibilidades de cada um que deseje contribuir. Por isso, caso surja o interesse, escreva para o grupo e converse.
Neste momento, uma das necessidades é educadores na área de Biológicas e de Exatas. Por isso, se você animou, entre em contato pelo Facebook.
Serviço
Inscrições: no Facebook do grupo, chamado Cipó de Saber
Data: até 16 de abril
Quem pode: alunos do Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), especialmente os que estão no último período.
Quando começa: 29 de abril
Dia e horário: aos sábados, das 13h30 às 17h30.