Não é de hoje que ocorre no Centro Cultural de Mogi Mirim o tradicional curso de teatro nas férias. Há onze anos (olha, só mais de uma década), os atores, que lideram a Cia. Imagem Pública, Danielle Pulz e André Almeida realizam o curso, que é aberto para a população, durante o mês de julho. Neste ano, não foi diferente! Desde o dia 4 deste mês, cerca de 20 pessoas, com idade entre 15 e 62 anos, estão participando das atividades e, agora, para encerrar, preparam a apresentação dos trabalhos organizados neste período. Na ocasião, duas esquetes de comédia serão apresentadas. A data da apresentação de encerramento é o dia 28 de julho, próxima sexta-feira, e o horário: anote aí, é 20h.
De acordo com André Almeida, as aulas de preparação, desinibição, voz e tempo-rítmico foram realizadas logo no início do curso e nesta semana foram feitas as improvisações e a montagem das esquetes. Agora, na semana que se inicia, ocorrerão os ensaios para que, na sexta, o público possa conferir e dar boas risadas de tudo o que foi preparado.
O professor André explicou ainda que para a montagem das esquetes ele preparou dois grupos que seguirão a mesma proposta da comédia, mas só que com histórias diferentes. Sendo que, tais histórias foram criadas de forma coletiva.
José Lúcio Antônio tem 62 anos, e pela primeira vez está participando do curso de férias, que disse ter gostado muito. “A vida é um teatro, você tem que fazer um papel, faz parte da vida. Estou gostando muito porque estou aprendendo”, relatou. José contou que passou por graves problemas de saúde, mas que felizmente teve a chance de se recuperar e ressaltou: “se tenho a oportunidade de viver, vamos atuar”.
Maíra Patelli Mantelato, de 18 anos, também faz parte da 11ª edição do curso de teatro. Ela contou que participar do curso ocorreu por conta de incentivo de sua mãe. Maíra disse ser bastante tímida, mas que o curso vem lhe ajudando a se soltar. “Está ajudando, estou ficando mais solta, o que mais gosto é aprender a me comunicar com as pessoas. Faria outra vez”, pontuou.
Fazer o curso em outra oportunidade não é só o desejo de Maíra, foi também a vontade de Maiara Alves, que participou da primeira edição do curso. Isso, há onze anos! Na ocasião, sua participação foi marcada até por uma situação que, hoje, eles gargalham. “Foi no começo, ao invés de correr para o lado da coxia, acabei batendo a cabeça em outra pessoa na hora que apagou a luz. Achei que tinha feito um buraco na cabeça”, contou Maiara, que disse que estava morrendo de saudades do palco e, por isso, neste ano não perdeu tempo e logo se inscreveu: “Voltei porque estava com saudades do palco, estava meio enferrujada, ainda estou, mas o André e a Dani fazem muitas críticas construtivas. Dão muito apoio e não desanimam as pessoas”.
As aulas continuam, portanto, até quinta-feira e até lá são oferecidas gratuitamente pela Cia. Imagem Pública em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo de Mogi Mirim. A entrada no espetáculo da sexta-feira ainda não está definida, mas deverá ser a doação de algo que, em breve, será informado.
O que levou aos 11 anos de curso?
A reportagem não poderia deixar de perguntar sobre o que leva os dois atores a proporcionarem por tantos anos o curso de teatro. O que não os faz desanimar?
Danielle Pulz e André Almeida foram enfáticos e disseram que é uma forma de agradecer por tudo que já aprenderam no espaço. Os dois, praticamente, foram criados no palco do Centro Cultural, aprendendo teatro desde o tempo em que as aulas eram divididas por módulos e o curso durava quatro anos.
“Eu penso que é uma gratidão ao universo, ao Centro Cultural, a tudo que as administrações passadas nos proporcionaram. Tudo que aprendemos veio daqui e nada mais justo que levar o teatro com amor para as pessoas”, finalizou a atriz.
A comédia de costumes
O curso de teatro de férias é realizado por temas. Para a edição deste ano, foi escolhido o tema Comédia de Costumes. Ou seja, um gênero teatral que foi criado na França e popularizado no Brasil em meados do século XIX pelos escritores Martins Pena e Artur Azevedo.
Desta forma, as esquetes a serem apresentadas deverão proporcionar uma análise dos comportamentos humanos por meio de um tom satírico e cômico.
“A comédia é matemática, se a comédia não estiver no ritmo certo não funciona. E neste caso, a comédia que falamos não é fazer graça. Como eu digo, é fazer com que a pessoas se identifiquem com a situação e ria”, explicou André.