SEM CONDIÇÕES – Presente na audiência pública sobre a Santa Casa de Misericórdia, na noite do último dia 31 de agosto, a vice-prefeita Lúcia Tenório, uma das representantes do Poder Público na ausência do prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB) e que estava posicionada em uma cadeira dentro do plenário, atrás do chefe de Gabinete Guto Urbini e da secretária de Saúde, Rosa Iamarino, foi convocada a dar explicações sobre o hospital pela vereadora Sônia Rodrigues (PP). Sem titubear, Lúcia Tenório destacou a importância da Santa Casa para a saúde do município, mas foi enfática ao dizer que, para ela, o hospital não nutre capacidade para realizar os procedimentos. “A Santa Casa não tem condições de fazer as eletivas, não temos nem roupas para entrar no centro cirúrgico”, disse ela, que é medica e atua no hospital há anos.
ATENÇÃO – Lúcia comentou que existem casos em que funcionárias chegaram a realizar quatro partos com a mesma roupa, evidenciando a crise estrutural e a falta de mantimentos da Santa Casa. A vice-prefeita alertou ainda sobre a falta de remédios, como antibióticos, e cobrou atenção dos integrantes do hospital presentes na audiência, como o provedor Milton Bonatti, o administrador hospitalar Clodoaldo Santos e o diretor-clínico Daniel Miranda quanto ao hospital assumir o compromisso de realizar as eletivas, após a sugestão de uma proposta junto ao Executivo, sacramentada nesta semana.
POLÍTICO – O chefe de Gabinete Guto Urbini não engoliu uma das falas de Clodoaldo durante a audiência. Na primeira vez que teve o microfone em mãos, Guto disse que o vereador Tiago Costa (MDB), mediador da audiência entre Prefeitura e hospital, pediu que os presentes não adotassem um discurso político ao longo do encontro. A crítica estava relacionada ao fato de Clodoaldo ter indagado ao Poder Público a razão para que o município destinaria R$ 4 milhões para as eletivas em um hospital fora de Mogi Mirim, no caso o Bom Samaritano, em Artur Nogueira, e não para um centro da própria cidade. Guto explicou que o montante equivale a investimentos em toda a Saúde mogimiriana, e que era preciso compreender o posicionamento municipal. Ao final do encontro a cordialidade prevaleceu, com ambos adotando discursos amigáveis, trocando sorrisos e apertos de mãos.
SHOW! – Um dos pontos altos da audiência ficou reservado já para o final do encontro, perto das 22h. Ex-secretário de Cultura e Turismo na segunda gestão de Carlos Nelson Bueno como prefeito de Mogi Mirim, Luis Otávio Frittoli, o Tatah, mostrou indignação com seu antigo chefe. Aos berros, esmurrava a bancada que faz divisória entre o plenário e a platéia e bradava aos quatro cantos que o prefeito tem a intenção de fechar a Santa Casa e levar uma Organização Social (OS) para seu lugar, visando atender interesses próprios. Seu discurso atacou também os vereadores. Tatah pediu postura e que os edis “acordassem”, parando de votar em projetos de autoria de Carlos Nelson.
HIPOCRISIA, NÃO! – Foi a deixa para Tiago Costa responder o ex-secretário. Mostrando incômodo com a fala de Tatah, o vereador rebateu os ataques, sugerindo que se Tatah tivesse tanta coisa para dizer do atual prefeito, que fizesse uma delação premiada e revelasse todas as facetas do governo de CNB. “Você já foi secretário dele e agora quer falar isso? Hipocrisia aqui, não. Faça uma delação premiada, então”, cobrou, também sem amenizar o tom de voz. “Mas eu era secretário de Cultura, não de Saúde”, argumentou Luiz Otávio. Logo depois, ainda sob o bombardeio de Tiago, Tatah preferiu não polemizar, poupando as palavras. A explosão vista no início da fala logo deu lugar a uma postura bem mais amena.
ANIQUILADO – Com terno, camisa e gravata pretos, em sinal de luto pelo incêndio que destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na noite do último domingo, o vereador Alexandre Cintra (PSDB) não poupou críticas à situação da Cultura do Brasil e em Mogi Mirim. Ele lamentou o fato de que justo na semana da Independência do Brasil, celebrada ontem, parte da história terminou em cinzas. “Iremos comemorar nossa independência com qual história? Não vamos ter avanços nunca se não tivermos história. O dinheiro da história vai para fundos eleitorais. Esse país está fadado ao esquecimento”, criticou. A situação do Museu de Mogi Mirim, existente no Centro Cultural Lauro Monteiro de Carvalho e Silva, não foi esquecida. “O Museu já está aniquilado, esquecido, não precisa pegar fogo”, comparou.
UPA NOTA O – Sônia Rodrigues mostrou descontentamento com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na zona Leste. A vereadora relatou na tribuna que encontrou sérias dificuldades no local para conseguir que sua filha fosse atendida após passar mal na segunda-feira. Segundo ela, a atendente pediu que preenchesse uma ficha e aguardasse o atendimento na fila, atitude reprovada pela vereadora, já que a filha apresentava pressão alta e mal-estar. Sônia disse ainda que não havia médico no momento e foi preciso que o profissional que havia acabado de cumprir jornada de plantão voltasse à unidade para prestar atendimento. O pior: Sônia contou que não havia material para que um eletrocardiograma fosse realizado. “Na Santa Casa falta tudo, mas a crise é geral. Estou decepcionada com a saúde de Mogi, e espero que isso seja corrigido”, desabafou.
DA UPA PARA A SANTA CASA – Falando em UPA, quem teve que ir às pressas para a unidade de saúde, também na segunda-feira, foi o vereador Marcos Gaúcho (PSB). Pouco antes do início da sessão, Gaúcho mostrava incômodo em sua cadeira no plenário, com cara de poucos amigos. Sem condições de permanecer ali, foi levado por seu assessor, Nelson Victal do Prado Junior, até o local, não retornando mais para a sede do Poder Legislativo. Segundo sua assessoria, Marcos sofreu uma alteração em sua pressão arterial. O problema é que a UPA estava com inúmeros pacientes, fazendo com que Gaúcho tivesse que se dirigir até a Santa Casa, onde foi atendido de maneira adequada, ainda de acordo com a assessoria. Na terça-feira, o edil realizou exames e permaneceu ao longo da semana em estado de atenção. Seu quadro de saúde é considerado bom.