EM PESO – A inauguração da Havan levou praticamente todo o secretariado de Carlos Nelson Bueno à unidade, na Avenida Pedro Botesi. Era difícil não encontrar um titular das pastas municipais, bem como demais funcionários. O Poder Legislativo também marcou presença, com a imensa maioria dos vereadores presentes ao evento. O pedido de intervenção na Santa Casa pelo Ministério Público, anunciado na noite de sexta-feira, se tornou uma das pautas de debates e rodas de conversa, pausado apenas para a apresentação da loja e o discurso do presidente da rede varejista, Luciano Hang.
ELOGIOS – Aliás, Luciano não escondeu a felicidade pela instalação da Havan na cidade e agradeceu o empenho da Prefeitura. O empresário convidou Carlos Nelson para subir ao palco e fez um discurso ressaltando o profissionalismo e a colaboração do Poder Público para a vinda da unidade. Em nenhum momento, Hang citou o nome ou fez alusão a qualquer integrante do governo do ex-prefeito Gustavo Stupp (PDT). Nas redes sociais, ex-profissionais da gestão, que prejudicou a cidade em termos administrativos e financeiros, se gabam dizendo ser eles os responsáveis pela vinda da rede. O curioso é que o projeto estagnou após ser autorizado no governo Stupp e a obra teve início na era Carlos Nelson.
MORAL LÁ EM CIMA – Posicionado ao lado do palco e de maneira discreta, como costuma se portar em eventos públicos ou reuniões, o Ouvidor Municipal da Prefeitura Edson Pessiquelli, o Galã, foi exaltado por Luciano Hang. Ao agradecer a Prefeitura, lembrou de Galã, perguntou no microfone onde ele estava e, ao vê-lo, o intimou para que subisse ao palco. Tímido, o ouvidor subiu ao palco e foi apresentado por Luciano como figura importante para a abertura da loja. Ao O POPULAR, Galã revelou ter recebido uma ligação de Hang na sexta-feira, um dia antes da inauguração, por volta de 23h30. O empresário queria confirmar a liberação do prédio pelo Corpo de Bombeiros, procedimento que já havia sido adotado.
O ASSUNTO DA SESSÃO – O anúncio da construção de um Hospital Municipal, feito pelo prefeito Carlos Nelson Bueno no início da noite da última segunda-feira, caiu como uma bomba na Câmara Municipal. Curiosamente, a revelação, momentos antes do início da sessão dos vereadores, logo se tornou a pauta de assessores e demais edis em torno do plenário. Com celulares em mãos, a maioria buscava acessar o Facebook para assistir o vídeo do prefeito no local exato onde o futuro prédio será erguido. Questionamentos à imprensa vinham de todas as partes e, durante a homenagem à Tucurense, tradicional clube de futebol amador, teve vereador que nem atenção deu, tamanha curiosidade e pressa em buscar mais informações sobre o novo projeto municipal.
DEBOCHE – Alguns vereadores, sobretudo da oposição, logo questionaram a empreitada, e criticaram a Prefeitura. Tiago Costa (MDB), oposicionista ferrenho ao prefeito, indagava como o Poder Público, em crise financeira, empregaria recursos para a construção do hospital, e que o anúncio teve fins políticos em meio à crise entre Executivo e Santa Casa de Misericórdia. “Isso é matéria eleitoreira, porque quer mais quatro anos de reeleição, promete o que não vai cumprir. Quer construir um hospital como?”, reclamou.
FOGOS DE ARTIFÍCIO – Maria Helena Scudeler de Barros (PSB) foi mais uma vereadora a mostrar inconformismo com o anúncio. “Não temos um postinho (no caso, Unidade Básica de Saúde) decente, como vamos falar em hospital? Vamos investir em um único hospital (ao dizer sobre a Santa Casa)”, sugeriu. Líder do governo na Câmara, Orivaldo Magalhães, o Magalhães da Potencial (PSD), festejou a notícia, e brincou que quando tomou ciência da informação, “soltou fogos de artifício”. Magalhães é avesso à administração da Santa Casa, hospital que, segundo ele, não tem mais solução diante de sua enorme dívida, que ultrapassa os R$ 50 milhões.
FAVORÁVEL – Cinoê Duzo, costumeiramente com discurso contumaz contra o prefeito e sua gestão, preferiu um tom mais equilibrado e pediu, para o bem do povo, uma solução nas negociações entre Prefeitura e Santa Casa. Na visão do vereador do PSB, existem erros e acertos das duas partes, mas uma medida se faz necessária visando prestar serviços de saúde adequados à população. Cinoê não atacou Carlos Nelson pelo anúncio do hospital justamente por ser um apoiador da construção. Em 2011, o edil, inclusive, apresentou uma indicação sugerindo para a Prefeitura a construção de um hospital municipal. Contudo, o vereador acredita que a prioridade no momento é “salvar a Santa Casa”. Vale lembrar que a Administração Municipal já apresentou uma proposta, recusada pela provedoria do hospital.
LERDO – O vereador Marcos Gaúcho (PSB) adotou um estilo poucas vezes visto durante suas falas na sessão. “Pistola da vida”, além de alfinetar funcionários da Prefeitura, como ao dizer que o prefeito contratou encarregado cachaceiro, não poupou críticas ao secretário de Serviços Municipais, José Paulo da Silva. Gaúcho relatou uma cena flagrada durante os trabalhos de manutenção pública na cidade. Em um local, disse ter visto inúmeros funcionários promoverem um serviço, em sua visão, simples e sem a necessidade de tanta gente. “Será que o senhor é tão lerdo desse jeito que não sabe trabalhar? Chama o Gaúcho que eu vou te ensinar”, disparou.
ME DÁ UMA PATROL! – Marcos revelou não ter prazer em limpar praças públicas e cortar o mato em diversos pontos do município, prática adotada por ele há anos. A ação, em suas palavras, tem como justificativa os seguidos pedidos de moradores. “Limpo porque me sinto obrigado, pelos pedidos dos moradores, mas eu não gosto, não”, admitiu. Ainda na bronca com José Paulo, ao comentar as ruas esburacadas e a dificuldade no transporte, afirmou que caso tivesse em mãos uma Patrol, máquina tratorada de pneu que faz o acabamento final de terraplanagem, a realidade seria outra. “Me dá uma máquina Patrol que eu vou mostrar como que trabalha”, provocou. Gaúcho é motorista da Secretaria de Saúde e crítico da situação de ruas e avenidas de Mogi.
E AS ESTRADAS RURAIS? – Outro metralhado na sessão foi Valdir Biazotto, secretário de Agricultura. Ao ter a palavra na tribuna, Moacir Genuário (MDB) mostrou indignação a respeito das condições de estradas rurais, assunto sempre levado pelo edil à pauta de discussões. “As estradas rurais estão uma vergonha, você fala com o Valdir e sempre diz que está resolvendo os problemas, mas não resolve nada”, reclamou. Ele citou o estado de ruas nas Chácaras Sol Nascente, onde possui propriedade, e demais bairros rurais, Em sua avaliação, é hora de mais trabalho e menos papo.