Não há como separar. A figura de Carlos Nelson Bueno (PSDB) sempre esteve ligada as suas marcantes frases de efeito. Ao longo dos anos da carreira política, foram ditas inúmeras delas e muitas já carimbaram as páginas dos jornais da cidade. Na última edição de O POPULAR, por exemplo, uma declaração do chefe do Executivo ganhou destaque na primeira página da publicação.
Durante uma reunião na Câmara Municipal, na semana passada, sobre o reajuste dos servidores municipais, o prefeito declarou: “Eu não sei se eu aguento neste tranco concluir o meu mandato, porque eu estou levando pancada de todos os lados”. Ainda no mesmo encontro, ele disse: “O governo está inviabilizado, (…) se não houver uma prenda do Estado ou do Governo Federal, o município não investe”. Recentemente, em uma coletiva na Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm), Carlos Nelson também afirmou que quem mais precisava de filantropia era a própria Prefeitura.
A pergunta é: qual a real intenção do prefeito com todas essas declarações? Será que é de sua personalidade uma postura pessimista, quer gerar um sentimento de pena, desviar o foco do problema ou ainda provocar aqueles que estão de olho no seu cargo? Pode até ser uma estratégia política do prefeito, mas são falas que mais servem para agravar um cenário de instabilidade, tanto entre os munícipes quanto entre seu time de secretariado, além de ser um “prato cheio” para os que fazem oposição ao seu governo.
Outro ponto a ser questionado é se a figura de Carlos Nelson inspira confiança. Isso porque o político já tinha se mostrado instável, ou melhor, imprevisível, na corrida para as eleições municipais. Em setembro de 2015, ele cravou que não seria candidato a prefeito. Na época, recusou ainda o convite de filiação do PSDB. Carlos Nelson ainda disse que tinha um compromisso pessoal e moral com Osvaldo Quaglio, reforçando o apoio ao então vereador e pré-candidato a prefeito pelo PSDB.
Contudo, em abril de 2016, menos de um ano depois de todos esses discursos, Carlos Nelson já estava filiado ao PSDB e ainda declarando estar apto para atuar na vida pública ou privada. “Aposentadoria para mim nunca foi projeto de vida”, lembrou o político, contrariando o que, antes, o bom senso lhe havia recomendado.
Com vasta experiência, não dá para dizer que ele não tinha conhecimento do problema. O próprio Carlos Nelson, antes de assumir, já havia classificado a situação como “terrivelmente difícil”. Parece mesmo que a vaidade do prefeito, além da sede de poder, falou mais alto nas eleições. Só o tempo poderá revelar se realmente ele achava se tratar de uma “roubada” ou se era mais um jogo de cena do político.