Os últimos dias foram protagonizados por um daqueles momentos que marcam uma geração. Na sexta-feira, 5, um acidente aéreo vitimou cinco pessoas, entre elas, a cantora Marília Mendonça. Qualquer morte causa comoção em qualquer ser com o mínimo de empatia. De humanidade. As mortes por acidente, pela surpresa que causam, parecem ser mais sentidas.
Os falecimentos de pessoas famosas geram um clima diferente, pela proporção de pessoas que atingem. E, quando se trata de uma pessoa famosa, jovem, no auge da carreira e que deixa órfã uma criança tão nova, de dois anos, ainda mais. É algo que podemos até dizer ser meio cultural.
Como é também o movimento que essas tragédias proporcionam. O movimento de reflexão. Paramos e pensamos que não significamos nada. O que é um fato que nem precisava deste impulso. Não somos nada mesmo. A vida é passageira e temos que aproveitá-la ao máximo, por mais que esta definição abra precedentes nem sempre positivos. Afinal, cada um tem um modo de aproveitar ao máximo.
A unanimidade é que, nestes momentos, pensamos que deveríamos amar mais. E dizer mais que amamos as pessoas que tanto estimamos. É até insano pensar que a morte de alguém que nunca vimos pessoalmente gere este vulcão de sentimentos. Mas gera! E a morte de Marília Mendonça causou isso em muitos que estão lendo este editorial.
Enquanto ainda vivemos à flor da pele a morte de Marília Mendonça é possível redigir este texto mexendo com os sentimentos das pessoas. Oras, escrever este texto já faz parte disso, afinal, temos os nossos sentimentos. Temos as nossas visões de mundo. Todos têm! Por mais que isso, claro, não obrigue você a concordar com a nossa visão, tampouco nós, com outras.
Em um momento de tanta consternação, lamentamos que textos se direcionaram a tratar sobre o corpo de Marília Mendonça. A briga dela com a balança. Até quando será necessário cumprir os padrões estabelecidos de beleza? Até quando isso será importante? Gordo, magro ou “em forma”. Que forma? A que a sociedade quer ou a que eu quero? Ou a que me faz me sentir bem? Sobretudo, com as mulheres.
Como avançamos em tanta coisa e seguimos na Idade Média quando o assunto é respeitar as mulheres ? Há quem não as respeite mesmo em um momento deste, em que a empatia parece ser o mínimo. É por isso que Marília é ainda mais gigante, porque não só cantou. Cantou e compôs falando que a mulher pode e deve ser o que bem entender. Esta diversidade toda! Esse empoderamento todo.
O nosso coletivo sentimento de reflexão sobre a vida, sobre dizer “eu te amo” enquanto podemos, passará, como sempre. Mas uma certeza, é que Marília não passará. Suas letras viverão para sempre e serão sempre hinos do fato de que a mulher pode, deve, merece, tem que ser feliz como bem entender!