Esses dias falei sobre a mudança no modelo dos carros no decorrer da trajetória de uma família. Algo que não é nada comparado com o que acontece em um lar. Eu já vivi na casa da minha avó, lugar onde nasci, com minhas tias ainda jovens. Passei por elas se trocando com as amigas para sair, esperando o namorado, sentadas no sofá.
Depois casando, sobrando quartos e com a casa cheia só aos domingos, quando voltavam com os agregados para o almoço. Depois fiz isso como protagonista na casa da minha mãe e hoje vivo novamente na rotina dos meus filhos.
O individualismo é sensacional. Cada pessoa que está num espaço enxerga formas diferentes de viver ali. O varal já foi rede de vôlei e na área a mesa tornou-se de pingue pongue. Já teve chinelo de trave de futebol e garagem com festa americana. A sala virou lan house, com quatro videogames ao mesmo tempo e cinco moleques. Além de albergue.
A parte estrutural também é dinâmica, embora estática. Tem que pensar na segurança, quando começam a poder ficar sozinhos, igualmente preciosa quando precisamos sair de madrugada para levar e buscar. A localização faz parte da estratégia para facilitar a troca de carona e para as mil vezes que precisamos nos deslocar para a escola, futebol, ballet, trabalho na casa de amigo e…
E os cômodos? Quando os filhos são pequenos, o ideal é que os quartos fiquem bem próximos, porque, assim, ao menor sinal, já estamos em pé ao lado da cama. Já na adolescência, quanto mais longe, melhor.
Eu também era assim: música o tempo todo, seja ouvindo ou cantando e o fone de ouvido nem era tão usual. Arrumar o guarda roupa, só de madrugada, que é para socar bastante a porta e fazer o máximo de barulho possível. E os jogos de videogame? Todos são interativos, com conversa sem parar. E naquela idade em que a voz passeia do grave para o grosso, sem controle.
Entre as coisas que a idade rouba da gente, está a estabilidade do sono. Acordou no susto, já era… Imagino ele saindo correndo pelo corredor, enquanto eu tento agarrá-lo pelas mãos, tipo cena de novela. Coisa que jovem é incapaz de perceber.
Um banheiro? Esquece! É mais ou menos assim: se todo mundo precisar sair da casa às 7h, sendo que cada um demora próximo de uma hora, o primeiro tem que estar de pé às 3h. É claro que isso não acontece e todo dia cedo é aquele balaio de gato. Parece engraçado, mas o sangue ferve.
Mas, este é o caminho, seja no papel de filha, de mãe ou de avó! E tudo isso se resume em vida, com a graça da dança das cadeiras que pede apenas que possamos sentir a música enquanto esboçamos aquele sorrisinho típico de quem tem o coração cheio por estar alinhado com as próprias escolhas!