Na ação de reintegração de posse impetrada pelo presidente do Mogi Mirim, contra o grupo comandado pelo sul-coreano Hyun Choi, o Mário, e o jogador Diego Medeiros da Silva, é apontada uma suposta cobrança de R$ 3,5 mil de atletas para participação em treinos e mais R$ 12 mil para disputar a Copa São Paulo de Juniores.
Os valores e a denúncia se baseiam em uma conversa via WhatsApp, cuja cópia foi anexada ao processo, de um dos filhos do presidente do Mogi, Luiz Oliveira, com uma mulher, que se identifica como tia de dois jogadores. A mulher diz ter feito o pagamento de R$ 3,5 mil. O filho de Luiz questiona se o valor é por atleta. Na resposta, escrita, não fica claro se o valor se refere aos dois atletas ou a cada um, e a mulher ainda cita outra cobrança relacionada à Copa São Paulo. “Isso é dos dois; mas ele queria 12.000,00 por atleta para colocar na copinha”, declarou.
Na interpretação do processo da gestão Luiz, o valor de R$ 3,5 mil foi cobrado por atleta. A ação ainda aponta a cobrança de taxa de alojamento de R$ 700 mensais.
Questionado por O POPULAR, o grupo nega cobrança de valores como R$ 3,5 mil e R$ 12 mil. Por atuar na vinda de jogadores ao clube, o diretor de futebol, Adílio Gonçalves Rodrigues foi apontado pelo grupo para abordar o assunto com O POPULAR e negou a cobrança. “Não tem fundamento nenhum. Eu não esquento, o cara que falar uma coisa dessas tem que provar. Estou tranquilo, nem dou trela para essa balela”, disparou Rodrigues, que tem procuração para representar Diego Medeiros e Mário Choi para gerenciar, coordenar, contratar, supervisionar e captar recursos financeiros.
Perguntado sobre a denunciante, Adílio disse ser tia de um jogador e que o filho do presidente, Diego Oliveira, pediu o contato da mulher no dia em que houve uma confusão no clube. “Tem dois jogadores, um é filho do irmão dela. O outro veio com eles, são amigos, quem me apresentou foram dois empresários, um empresário intermediário. Eu tratei tudo com empresário, os empresários trouxeram ele de fora. Do que ele postou aí não estou ciente de nada, eu tenho acerto com o empresário, que eu peguei alguma coisa deles, eu tenho a consciência tranquila”, afirmou.
Adílio admite apenas, como já havia dito anteriormente, a cobrança de R$ 600 mensais referentes a custos de alojamentos, como alimentação, pelo período de um mês de avaliação ou caso o atleta seja dispensado e prefira continuar para ter novas oportunidades de ser avaliado. “O pessoal que veio para avaliação, tinha um custo de R$ 600 para ficar na avaliação, passou, está isento, os que não passaram, ou ficam ou vão pra casa. E eu garanto pra vocês: eu provo o que estou falando”, colocou”.
A denúncia repercutiu entre os jogadores.
Na quarta-feira, dia 22, em cena presenciada por O POPULAR, o técnico José Liberato, o Maizena, reuniu os atletas e os questionou se alguém estaria pagando algo mais do que o valor para alimentação e as respostas foram todas negativas.

Até o fechamento desta matéria, O POPULAR não havia conseguido contatar a mulher que fez a denúncia para buscar mais detalhes sobre o assunto.
Com Copinha improvável, jogadores estudam opções
Diante da improvável participação do Mogi Mirim na Copa São Paulo de Juniores de 2019, atletas que realizam treinamento no clube visando à competição já estudam alternativas. Para a inscrição na Copa e registro de jogadores na Federação Paulista de Futebol (FPF) e Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é necessária a autorização do presidente Luiz Oliveira, que disse que o Mogi Mirim não deve disputar o certame, a não ser que feche outra parceria que resolva os problemas do Sapo, e também não concorda com a atuação do grupo de Hyun Choi, o Mário, e Diego Medeiros da Silva, no clube, por considerá-lo irregular no Mogi.
Na ação de reintegração de posse, o Mogi Mirim observa que o clube não está inscrito para qualquer competição, pois o calendário anual foi cumprido e, assim, as atividades do futebol foram suspensas.
Como o tempo para inscrições de atletas na competição está próximo de se encerrar e a discussão da validade do contrato com Choi e Medeiros deve ser discutida na Justiça, integrantes do grupo falaram aos atletas da possibilidade de encontrar outros clubes para eles disputarem a Copa São Paulo e outras competições. Clubes da Série A-1 e A-2 foram colocados como interessados em atletas para a Copinha.

Entre as possibilidades cogitadas está a de aproveitar jogadores no Peruíbe, clube de Solito, contratado para ser técnico do time profissional do Mogi.
Na quarta-feira, Medeiros falou aos jogadores que a situação de cada atleta seria avaliada e eles apontariam quais as suas preferências.
Durante a semana, jogadores ainda treinavam na expectativa de disputar a Copa São Paulo. No total, havia aproximadamente 25 atletas. Depois de uma interrupção diante da confusão com a gestão de Luiz Oliveira, os treinos voltaram no dia 17, sexta-feira, e tiveram continuidade. Os jogadores chegaram a ficar alguns dias no alojamento da chácara do ex-jogador Capone.
Hoje, ainda não há preparador físico, apenas o técnico Maizena, que foi auxiliar-técnico de Capone na Copa São Paulo de 2017, e busca conciliar treinos físicos e técnicos. Maizena, que foi jogador com experiência em clubes sul-americanos, busca trabalhar especialmente o lado psicológico dos atletas diante das incertezas e confusões no clube.

Exames
Na ação de reintegração do Mogi Mirim contra o grupo, é colocado que os jogadores realizam treinos sem passar por exames médicos. Ao O POPULAR, o diretor de futebol, Adílio Rodrigues, garantiu terem sido realizados os exames.
“Mentira, todos os exames médicos estão comigo, eletrocardiograma com laudo. Pela minha experiência no futebol, primeira coisa quando você matricula um jogador no clube, duas coisas, exame médico e a ficha dele completa”, declarou.