É claro que devemos manter os cuidados no combate à Covid-19, porém, há outros problemas a encarar. Com a chegada das altas temperaturas do verão e das fortes chuvas registradas em diversas regiões do Brasil, o crescimento da circulação do mosquito Aedes aegypti e de doenças como dengue, zika e chikungunya, faz com que a saúde pública fique cada vez mais em alerta.
No ano passado, o país registrou mais de um milhão de casos prováveis de dengue, com mais de 500 mortes, além dos óbitos em decorrência da chikungunya e zika. Em 2015, por exemplo, sofremos com uma das piores epidemias, sobretudo de dengue. Nos últimos 30 anos, o Aedes vem permanecendo e se adaptando ao cenário urbano do país, fazendo crescer a urgência de discutirmos o problema e as medidas necessárias para impedir a proliferação do mosquito.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade de Michigan descobriram um novo anticorpo que bloqueia a propagação do vírus da dengue no corpo, o que pode significar um avanço no tratamento da doença. Atualmente não existem tratamentos ou vacinas eficazes contra a dengue.
O estudo publicado na revista científica Science indica que um anticorpo chamado 2B7 bloqueia fisicamente a proteína do vírus da dengue, impedindo que ela se ligue às células e retardando a propagação pelo corpo. Os pesquisadores usaram camundongos para chegar nessa descoberta.
O vírus da dengue usa uma proteína específica para se prender às células protetoras ao redor dos órgãos do corpo humano. Ele enfraquece a barreira protetora, permitindo que o vírus infecte a célula e possa causar a ruptura dos vasos sanguíneos. Como o anticorpo mencionado pelo estudo bloqueia essa proteína, o vírus não consegue se espalhar pelo corpo.
Uma das dificuldades para o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a dengue é que existem quatro cepas diferentes do vírus. Dependendo do anticorpo usado, ele irá proteger contra uma cepa, mas deixará as pessoas mais vulneráveis à infecção de outra cepa. Porém, o novo anticorpo descoberto é eficaz contra todas as cepas do vírus da dengue por atacar a proteína criada e não a própria partícula do vírus.
“O vírus infecta centenas de milhões de pessoas todos os anos”, afirmou Bob Fischetti da Argonne, consultor de ciências da vida da APS. “As estruturas encontradas têm desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de medicamentos e vacinas”.
O vírus transmitido por mosquitos infecta entre 50 a 100 milhões de pessoas por ano. Os sintomas normalmente incluem febre, vômitos e dores musculares, e pode levar a doenças mais graves e até à morte. (Com informações da Exame)