Algo extremamente fácil de se encontrar na Administração de Gustavo Stupp são os inúmeros desencontros. Quase dois anos e meio se passaram, e a equipe de governo insiste em agir como iniciante, assim como no início de 2013, quando foi eleita e assumiu o comando do Poder Executivo.
A informação de alugar um prédio para um novo Paço Municipal, primeiramente publicada em forma de um edital no Jornal Oficial do Município, foi disseminada no Legislativo sob a pior ótica possível, através dos vereadores de oposição. Até mesmo a base aliada se surpreendeu com a medida, como por exemplo, o presidente da Câmara Municipal que teve ainda que se justificar, dizendo que não sabia das intenções do mandatário Stupp e que, se soubesse, jamais assinaria um longo contrato de aluguel para transferir os assessores parlamentares de lugar, após o prefeito voltar atrás em sua decisão e não ceder mais o espaço onde funciona seu gabinete.
Stupp e os vereadores trabalham, literalmente, frente a frente, separados apenas por uma rua, que mais parece um grande abismo, tamanha falta de diálogo. O desencontro é evidente. Poderes que deveriam trabalhar juntos, mal se comunicam. Primeiro, espera-se uma informação negativa se disseminar, para depois arranjar um momento para se explicar.
O caso do chamado ‘novo Paço Municipal’ chama a atenção pela semelhança da forma como o processo de locação de um imóvel para abrigar os gabinetes dos vereadores foi conduzido: sob muita revolta popular, despreparo e falta de diálogo daqueles que decidem. A priori, não há nada que impeça o Poder Executivo em alugar qualquer imóvel da forma que desejar. No entanto, será que fazer um prédio sob encomenda para abrigar apenas alguns departamentos, e dispensar recursos mensais em um aluguel que pode chegar a R$ 36 mil durante 15 anos, em um espaço particular seria a melhor alternativa?
A dúvida que paira é: e após o término do contrato? Onde serão alocados todos os servidores, mobiliário e máquinas que vierem a ocupar o local? Mais prudente e sensato seria encontrar uma ampla área pública e construir, por conta própria, com os recursos que seriam dispensados no aluguel, uma central de serviços como propõe a atual Administração.
A matéria “Prefeitura justifica aluguel de novo Paço Municipal” que O POPULAR publica hoje, na página A3, explica as reais intenções de Stupp. O denominado ‘novo Paço Municipal’, na verdade, não consiste na transferência de todos os serviços que hoje funcionam na Rua Dr. José Alves, nem tampouco deixará tal imóvel esvaziado ou ocioso. Trataria-se, se não fossem as circunstâncias, de um aluguel comum para abrigar qualquer departamento municipal, em uma prática que já vem sendo adotada há muitos anos em Mogi Mirim. Agora, basta Stupp reconhecer que esta não é a melhor alternativa e rever a ideia de um modelo de construção que, pode até funcionar na iniciativa privada, mas não parece vantajoso em se tratando de dinheiro público.