
Mesmo com a verba do SUS sob intervenção da Prefeitura, a Santa Casa segue trabalhando para buscar alternativas para a sua saúde financeira. Nesta semana foi divulgada uma parceria entre o hospital e o Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS) para atendimento particular.
O diretor de operações do INCS, João Rocha, esteve na Câmara de Vereadores na segunda-feira, 26, esclarecendo os pontos da parceria.
Informou que, em um primeiro momento, vai atuar apenas na área privada, atendendo tanto convênios quanto particular, e em duas frentes – ambulatório e Day Clinic (cirurgias de pequeno porte, aquelas sem necessidade de internação por mais de 24 horas).
“Por normativa, a Santa Casa pode atender 40% da capacidade instalada do hospital e atende hoje menos de 2%. Queremos atingir esse índice em um ano”, disse Rocha. Ele ressaltou também a importância da intervenção da Prefeitura.
“Foi providencial. Vai servir para a Santa Casa organizar a parte privada e no futuro próximo dar a sustentabilidade que o hospital precisa para continuar atendendo a parte social com verba SUS”, observou.
A estratégia para atingir essa meta é fechar contratos com empresas de assistência médica. Revelou que a partir de domingo, dia 1º, começa a atender convênio Amil, que é o primeiro de grande volume, segundo o próprio INCS.
“Também já fechamos com Porto Seguro, SulAmérica e um pacote com o Consórcio de Saúde, que é um comprador de serviços neste caso. E estamos fechando com a Bradesco”, informou. “E se a Unimed da Baixa Mogiana quiser fazer parte disso será muito bem-vinda também”, convida Rocha.

Pronto-Atendimento
O diretor do INCS disse também que há, sim, possibilidade de a Santa Casa ter novamente um pronto-atendimento. Mas desde que o pagamento pelo serviço seja exato.
“Esse pronto-atendimento é uma responsabilidade do Município, não da Santa Casa. Antes, havia um desequilíbrio financeiro de cerca de R$ 300 mil. O hospital não pode arcar com esse déficit. Não precisa sobrar, mas não pode faltar”, acentuou.
Dívidas
Segundo auditoria do INCS, a dívida da Santa Casa alcança a casa dos R$ 31 milhões. E, conforme Rocha, também há uma estratégia para o pagamento desses débitos.
“Primeiro vamos pagar os funcionários CLT, depois os médicos, seguido pelos fornecedores e, só então, o governo. Só depois vamos negociar os empréstimos bancários”, adiantou.
Investimentos
Os investimentos do INCS, instituto especializado em gestão de saúde, já começaram. O provedor da Santa Casa, Milton Bonati, informou a criação da Day Clinic, que fica voltada para a Rua Monsenhor Nora, e na Casa da Administração, à Rua Alexandre Coelho, onde vai funcionar o Centro de Especialidades Médicas (CEM).
“Para o futuro próximo, de comum acordo com a Prefeitura e o Judiciário, vamos cessar a intervenção nos serviços SUS, que vem ocorrendo desde 5 de abril e tem validade por um ano, e retomar os serviços à população que não pode pagar por atendimento médico. A Santa Casa tem uma história de 152 anos que precisa continuar”, disse o provedor.
Informou que a função de administrador hospitalar hoje é exercida pela interventora Rosa Iamarino. Assim que cessar a intervenção, a administração do hospital será feita também pelo INCS.
Com know how para isso, o instituto já atua na região há seis anos com serviços prestados ao Hospital Municipal e UPA de Mogi Guaçu.