A decisão anunciada pela Prefeitura de retirar das ruas o radar móvel sob a justificativa de que o equipamento já cumpriu seu objetivo inicial de educar os motoristas sobre a segurança no trânsito não convence e carrega em si uma decisão equivocada.
Em princípio, o radar móvel é um instrumento a ser apoiado na medida que oferece uma fiscalização capaz de fazer ser cumprida a legislação, que impõe limites de velocidade nas vias públicas. Se o Código de Trânsito Brasileiro prevê os limites, cabe ao poder público fiscalizar para garantir o cumprimento da legislação e não tapar os olhos.
É difícil acreditar que a Prefeitura esteja sendo sincera ao argumentar que o radar cumpriu com o objetivo de educar. Se acredita, abusa da ingenuidade ou desconhecimento da comunidade. O argumento se baseia em números apresentando a redução de autuações. É evidente que a obediência e a queda se devem muito mais a um temor do cidadão em ser multado do que a uma educação. A conscientização sobre os riscos de acidentes e prudência é muito ampla para se crer que um radar seja capaz de garantir essa educação. Além disso, Mogi Mirim vivenciou um espetáculo em que o radar móvel foi laçado por um indivíduo. O fato foi isolado, porém a repercussão mostrou o quanto o “cowboy do asfalto” foi aprovado. Manifestações de apoio, transformando o rapaz em herói por agir contra o radar, demonstram que a sociedade está longe de estar educada em relação ao tema. Enquete de O Popular mostrou que 63% dos leitores apóiam a atitude do cowboy em uma clara manifestação de preocupação com a individualidade e de proteção ao próprio bolso no que tange a evitar as multas. Outra enquete apontou que 77% consideraram a campanha de conscientização que precedeu a aplicação das multas ineficiente.
Se o objetivo for mesmo educar, com a redução dos casos, pela lógica a Prefeitura deve estar planejando a desativação dos radares fixos. A função do radar é mais ampla e o funcionamento deve ser constante. Chama a atenção também o fato da Prefeitura não divulgar o número de autuações dos equipamentos fixos.
A Administração volta a errar ao revelar não descartar retomar a operação se forem registrados abusos ou aumento de acidentes. Age assim de forma negligente tratando as vidas como um simples número, pois anuncia que agirá depois do acidente e não preventivamente.
É preciso coerência para a Prefeitura definir um norte em relação ao que entende de respeito à legislação de trânsito e não buscar argumentos frágeis para justificar suas mal explicadas decisões.