A secretária de Educação, Márcia Róttoli, já avisou: não admite a possibilidade da municipalização da merenda não ser concretizada. Porém, o que se vê, novamente, são inúmeras dificuldades para colocar o plano em prática, pelo menos nos Centros Municipais de Primeira Infância (Cempis), neste primeiro momento. De novo, a intenção foi adiada.
O problema, segundo a Prefeitura, é a falta de interesse de fornecedores em participar da licitação. “Não apareceu nenhum fornecedor por causa da logística para a entrega dos alimentos em cada escola. E pra gente é impossível assumir isso, porque não temos funcionários e nem caminhão para fazer o transporte”, disse Márcia.
O temor dos produtores, ainda segundo a comandante da pasta, é a incerteza de que todo mês haverá a produção de alimentos para serem entregues. Contatos com os fornecedores da merenda escolar de Mogi Guaçu, onde a merenda é feita pela própria Administração, foram contatados pela Prefeitura de Mogi Mirim, mas não manifestaram interesse em entrar no processo.
O contrato com a Angá Alimentação, que havia sido prorrogado por dois meses – até o final deste mês –, agora vigora até julho. “A empresa não queria renovar por mais dois meses, porque isso causaria problemas na dispensa de funcionárias”, explicou Márcia. Agora, só há mais uma possibilidade de prorrogação com a Angá: até outubro.
“Não admito não municipalizar. Sou persistente”, garantiu. No entanto, prazos já não são mais estipulados. A secretária disse que em abril terá uma noção mais clara da possibilidade de colocar o plano em prática. É nesse mês que um novo processo licitatório será aberto para a contratação de outra empresa para o fornecimento da merenda escolar. “Vamos precisar contratar de novo, até porque se conseguirmos municipalizar nas creches, ainda terão as escolas municipais e as do Estado”, informou.
Merendeiras são outros entraves
Além do desinteresse dos produtores, a contratação de merendeiras se tornou um novo entrave no plano de municipalização das refeições servidas nas escolas. Das 172 merendeiras inscritas, apenas 18 passaram na prova do concurso público, devido a dificuldade das questões, preparadas para pessoas com Ensino Fundamental completo.
“Vou me reunir com os vereadores e propor uma mudança na lei municipal que obriga merendeiras ter o primeiro grau completo. Aí teremos que fazer outro concurso, com uma nova prova, para essas merendeiras que não passaram, possam fazer novamente”, explicou Márcia. Mesmo com outro concurso, as 18 pessoas que passaram, já estão garantidas quando a Prefeitura realizar a convocação.
A proposta
O plano era municipalizar, a partir de janeiro, a merenda servida nas creches do município. A expectativa é que o preço atualmente pago, de R$ 13,8 milhões, seja reduzido em cerca de 40%, somente nesta primeira fase. Atualmente, com uma empresa à frente do preparo da alimentação nas escolas, há muito desperdício de alimentos e com a municipalização, haveria mais qualidade na alimentação das crianças e mais liberdade na cozinha das escolas.