Tema corrente no quesito reclamação e ineficiência no serviço oferecido ao cidadão, o transporte público de Mogi Mirim mais uma vez se tornou alvo de intensa discussão nos últimos dias. E não falamos apenas da audiência pública realizada na última quarta-feira, na Câmara Municipal, que sugeriu o valor de R$ 4,26 para o preço cobrado na catraca, após a prometida integração das linhas virar realidade.
Na boca dos vereadores ou na voz dos usuários, a opinião é a mesma: de longe, o serviço exercido pela Viação Fênix não agrada. Está certo que com a Viação Santa Cruz as queixas não eram artigo raro. Existiam, assim como hoje. A diferença é que elas subiram de tom, são mais frequentes e parecem mostrar um cenário ainda pior do que o visto anteriormente.
Uma fase de adaptação, conhecimento, desde o itinerário, passando pelas linhas, seleção dos profissionais e o perfil do cliente são quesitos básicos. Entretanto, meses após a Fênix assumir, o que era para se tornar algo, ao menos, aceitável, se transformou em ponto de discórdia. Ônibus não cumprem os horários agendados em pontos de embarque.
Em determinados casos, a espera chega a ultrapassar os 30 minutos. Aos finais de semana, com a frota reduzida, a situação piora. O interior dos veículos já começa a gerar discussão pelo material oferecido. A superlotação em horários de pico é evidente. A falta de um cobrador, estratégia adotada pela empresa, vem sobrecarregando os motoristas, que além de dirigir e prestar atenção a cada detalhe do complicado trânsito de Mogi, ainda têm que cobrar a passagem, dar o troco, abrir e fechar a porta.
Isso sem falar nos casos quando os mesmos motoristas erram o itinerário, ingressando em ruas e avenidas fora do trajeto, fazendo com que a condução de um bairro ao outro ou ao Centro vire uma viagem. Fato denunciado por passageiros e na Câmara, por vereadores como Alexandre Cintra (PSDB). O wi-fi, diferencial na empresa, é pouco para satisfazer o gosto do passageiro.
Causa estranheza o porquê, ano após ano, o transporte público continua no ranking de reclamações da população. Qual a dificuldade em oferecer um serviço decente e que valha o valor pago na catraca? Se um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) foi firmado entre Fênix e Prefeitura, onde estão os responsáveis por fiscalizar o transporte? Ninguém enxerga a deficiência?
As autoridades parecem brincar com o cidadão. Se Victor Hugo Chedid, diretor da empresa, no plenário do Poder Legislativo, em 2017, prometeu oferecer um serviço de primeiro mundo ao mogimiriano, a promessa, até agora, não passa de brincadeira de mau gosto. O passageiro merece respeito. O valor cobrado não é barato. Fênix e Executivo precisam parar de tratar o transporte como se fosse um brinquedo de Lego.