A transferência das cirurgias eletivas para o Hospital Bom Samaritano, em Artur Nogueira, se tornou o novo tema de debate, tendo a Prefeitura como ator principal e a Santa Casa de Misericórdia como coadjuvante. Muito se discute o motivo pelo qual o Poder Público optou por, ao invés de um convênio, mudar sua maneira de escolha, e via chamamento público, modalidade permitida dentro da lei de licitações, escolher um espaço de saúde que não se encontra em Mogi Mirim.
Parte da população viu o ato como traição da Prefeitura ao único hospital público da cidade, que passa por um perrengue financeiro sem precedentes, com uma dívida na casa dos R$ 56 milhões. Como, carente de serviços e necessitando urgentemente de receitas que diminuam, por mínimo que seja sua sangria, a Administração leva 1,5 mil cirurgias eletivas, responsáveis por uma receita, segundo a Secretaria de Saúde, superior a R$ 1,5 milhão, para um centro que não seja a Santa Casa?
Na quinta-feira, em reunião no plenário do Poder Legislativo, parte dos vereadores ouviu de representantes do Executivo que existem laudos apontando graves problemas dentro da Santa Casa, atestando a posição da Prefeitura, de que o hospital não encontra condições de oferecer as cirurgias. De outro lado, a Santa Casa se diz vítima, afirma ter condições de receber as eletivas e que a Prefeitura adotou um sistema equivocado de seleção.
A Prefeitura deve propiciar Saúde à população. Seja em Artur Nogueira ou na Santa Casa, é o cidadão que deve ser tratado como prioridade. A política precisa ser deixada de lado e o bom senso prevalecer. Não é o momento de se tomar partido, defender este ou aquele lado. Somente na base da conversa é que a Santa Casa, que se sente prejudicada, poderá entender as razões para a escolha da Administração e buscar voltar a efetuar as eletivas.
O fato é que essa discussão só prejudica aquelas 1,5 mil pessoas que aguardam na fila. Existem casos em que pacientes esperam pelo procedimento cirúrgico há mais de cinco anos. Imagine todo esse tempo, conviver com dores, insegurança e um sentimento de impotência por aguardar algo que lhe é de direito, mas que esbarra na burocracia.
Poder Público, Câmara Municipal, Santa Casa e todos que desejam a solução dos problemas devem se unir e trabalhar juntos. São vidas em jogo. O festival de acusações, críticas e insinuações não levará para lugar algum. Pessoas podem morrer por conta desse impasse. Se as eletivas em Artur Nogueira forem suspensas, como ficará a situação? É preciso prudência e muita calma. Do contrário, os que estão na fila podem pagar o pato. Mais uma vez.