No momento de planejar a temporada de um clube de futebol, a escolha do treinador é uma das principais decisões. É preciso cautela, pois se trata do comandante responsável por liderar um elenco. Além de capacidade de desenvolver treinamentos, é necessário domínio de gestão pessoal para lidar com o aspecto psicológico seja para motivar ou manter o equilíbrio, além de ter a competência de não deixar problemas de relacionamento interferirem no campo. É preciso capacidade tanto de manter o time em um bom nível como de liderar uma reação. Na hora de contratar o ideal é selecionar um treinador que já tenha passado por uma série de experiências diferentes para que possa ser avaliada sua capacidade, perfil e detalhes do cargo mais práticos que só podem ser vistos em partidas como escalações, substituições e duelos táticos.
O sucesso, no entanto, depende de inúmeros fatores e mesmo um técnico com histórico de grandes trabalhos não é certeza da repetição de um bom trabalho, pois todo profissional está sujeito a oscilações. Contratar um inexperiente, pelas limitações de avaliação prática é mais arriscado, embora diante do mercado escasso de grandes treinadores lançar um novo nome abre a chance de se conhecer de forma surpreendente um profissional promissor.
O Mogi volta a arriscar ao contratar Edinho, como fez com Argel e Adilson Batista. Sem a cômoda avaliação de resultados, é necessário considerar que tanto com Argel como com Adilson, a diretoria pode não ter tomado a decisão mais certeira na origem, pois elevou riscos, mas nos dois casos a ousadia foi premiada. Para um clube pequeno esse tipo de aposta é mais aceitável diante da limitação de recursos. Agora, com Edinho, muitos quesitos tornam a contratação interessante e capaz de gerar êxito. A questão do marketing é extraordinária, com o momento histórico de Pelé se tornar um torcedor do Sapão. A atração de investimentos é facilitada.
Há um paradoxo na relação de Edinho e patrocínios. Um técnico com mais chance de dar certo costuma ser mais caro. Hoje, a aplicação de recursos no Mogi costuma ser maléfica, pois vem em forma de empréstimos feitos por Rivaldo, o que tem afetado o patrimônio. Rivaldo não demonstra capacidade de transformar sua imagem em dividendos à altura de sua história. Investir com patrocinadores seria o ideal, o que a chegada de Edinho viabilizaria. Porém, obviamente o técnico seria ele próprio e não um já reconhecidamente competente.
No aspecto técnico, Edinho tem boas chances de ser bom. Com a visão ampla do goleiro, pode ter apurado o domínio tático. Como auxiliar, trabalhou com nomes como Luxemburgo. Ter bons professores não significa ser um bom aluno, mas é possível desenvolver a aprendizagem. A qualidade do auxiliar-técnico Edmilson de Jesus, já experiente como técnico, pode ser decisiva para o sucesso de Edinho, o que se foi avaliado por Rivaldo com precisão servirá para reduzir o risco. Se Edmilson for bom, o caminho será facilitado.
Na apresentação, Edinho demonstrou um discurso seguro e mentalidade vencedora, o que oferece boas perspectivas. Somente o futuro e o dia a dia mostrarão se o resultado de aposta se limitou ao marketing ou se mais um profissional de qualidade foi lançado seguindo a tradição do clube.