No dia 7 de dezembro deste ano, muita gente pode comemorar. Serão completados 80 anos da publicação do talvez mais famoso artigo do Decreto Lei nº 2.848. O artigo 171 nasceu em 1940. É claro que, antes, muitos já poderiam receber esta alcunha, porém, foi com a sua criação que um dos tipos mais sacanas e nojentos de criminoso passou a ser chamado assim. Simplesmente 171.
Porém, ele também atende por estelionatário. Por aqui, vemos cada vez mais este tipo de crime. Para configurar estelionato, é necessário que se atenda a soma destes requisitos: obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
Mas há outro ingrediente para a receita. O crime é praticado contra pessoas ignorantes (em vários dos sentidos da palavra mas, muitos dos que caem no “conto do vigário”, tropeçam nas próprias pernas. Ou na própria ganância. Vejam quantos golpes são dados com falsas promessas. Prêmio em dinheiro é o mais comum. Você que cai no conto do 171, muitas vezes, flerta com o crime do qual é vítima. É quase cúmplice. Afinal, a combinação é perfeita. O ardiloso golpista e o ignorante ganancioso.
E sobre o 171, fique atento. Ele costuma ser muito bem articulado com as palavras. Tem um sorriso que transmite confiança. Dependendo do golpe que planeja, se veste bem, tanto com roupas, como em falso moralismo. Tem os que usa, por exemplo, de alguma religião para transmitir a imagem de homem de bem. Usa e abusa do Santo Nome em vão. Muitas vezes, transmite tal dom de forma hereditária e compartilha de tal método com teus irmãos e irmãs. O famoso “family business”.
Também, por vezes, sai de tua terra para ganhar vantagem onde quase ninguém o conhece de verdade. Em alguns casos, ganha carona de outro 171. Ou de seu “patrão”. Faz falsas promessas. Repete tantas vezes uma mentira que, talvez, até ele acredite nela. Por isso, confia tanto em si. E se garante. Se não é parado nos primeiros golpes, os aprimora, conquistando ainda mais espaço e mais dinheiro. Para seu bem, da família ou, como muitas vezes, daquele a quem serve.
E mesmo que alguns descubram a sua verdadeira face, a mentira foi tantas vezes repetida que não cai do pedestal. Não cai até que alguém o derrube, claro. E, por mais que demore e cause prejuízo a muitos, de pessoas a instituições, você, caro 171, tem um destino certo. A cadeia. É por isso que confiamos nossos bens, dos pessoais aos coletivos, aos honrados guardas civis municipais, policiais militares, civis e federais, além dos obstinados promotores do MP. Figuras que merecem aplausos e promoções a cada 171 trancafiado.