Já falamos sobre isso. E não vamos parar de falar. Em sua gigante maioria, o partidarismo no Brasil é uma falácia. A maioria dos políticos não é fiel às suas siglas e correspondentes ideologias, apenas aproveita oportunidades. É um panorama geral, e, por óbvio, há exceções. Para confirmar a regra, como diz o dito popular.
Para facilitar o exercício proposto, observem a dança tresloucada que tem se tornado a eleição majoritária em Mogi Mirim. Após Jamil Bacar, do antigo PFL (atual Democratas) ter sido eleito para o mandato de 1993 a 1996, foi a vez do PSB, o Partido Socialista Brasileiro, através de Paulo Silva, chegar ao poder na cidade.
Ou seja, Mogi Mirim foi de um grupo dissidente do extinto PDS (Partido Democrático Social), herdeiro da ARENA, principal partido do comando na Ditadura Militar instaurada em 1964, para o PSB, que como o próprio nome diz, carregava o socialismo como bandeira e que, ao ser fundado em 1985, reivindicou a legenda e a sigla do antigo PSB, extinto pela Ditadura Militar por força do Ato Institucional nº 2, em 1965.
Paulo Silva ficou oito anos no poder. Em 2004, Maria Helena Scudeler de Barros era o nome da situação, mas, Carlos Nelson Bueno, que já havia perdido em 2000, para Silva em um PSB x PMDB, saiu vitorioso. CNB tinha o 12 como legenda. Era filiado ao PDT, mas havia deixado o PMDB, pelo qual foi eleito deputado federal em 1994.
O antigo prefeito de Mogi Guaçu repetiu o antecessor e ficou oito anos na Prefeitura. Porém, quando saiu, não estava no quadro do Partido Democrático Trabalhista e já pertencia às fileiras do PSDB, o Partido da Social Democracia Brasileira. Sua nova casa estava alinhada ao governo estadual. A antiga, ao federal.
Em 2012, o PDT já tinha novo comando e fez frente contra a candidata à sucessão pela base tucana, Flávia Rossi, então vice de CNB. Gustavo Stupp, hoje um nome do qual todos querem se descolar, garantiu a vitória e foi eleito prefeito. Com apenas 28 anos.
Seguiu no PDT durante o mandato, mas, em 2016, sequer tentou a reeleição. Foi a vez do PSDB voltar, com CNB. Mas, em 2020, na tentativa de se reeleger, quem aparece? Sim, o PDT. Agora com Paulo Silva, que viu, em 2004, o seu antigo PSB (hoje uma de suas legendas coligadas), perder para o PDT, até então, de CNB.
É por isso, leitores, que se apegar a siglas, números e tudo mais que o partidarismo vende não é o melhor caminho. Sobretudo em eleições municipais. Cobre fidelidade de seu candidato aos projetos apresentados. Exija o cumprimento das promessas para você. Porque a promessa de ser sempre de um partido não passa de palavras ao vento. No final, o baile das legendas continua e o único que não pode dançar é você!