Dinheiro público. Dinheiro coletivo. Ainda assim, dinheiro! Vivemos à mercê do capital há séculos. Somos reféns de uma estrutura que domina quase todo o planeta. Com exceção de comunidades jamais confrontadas com a civilização, vivemos por ele e com ele. Não adianta mudar o conceito geral. O capitalismo não é uma doutrina política. Ele é um ser incluso em todas as doutrinas políticas.
Afinal, por aqui, como diria aquela canção, “Deus é uma nota de 100”. Ainda causa surpresa, mas tem até alguns que pregam sobre crenças apenas pela humana arte de usar a fé alheia em benefício próprio. Há de tudo neste mundo. E no nosso mundo, este construído aqui no Brasil após séculos de transições, o dinheiro fala cada vez mais alto. Não dá para fugir deste sistema. Quem tem muito, quer mais. Quem pouco tem, quer ter algo. Nem sempre é por avareza. Muito é por sobrevivência.
E nem sempre este dinheiro é materializado em cédulas ou moedas. Em propriedades também. É deste desespero por todo tipo de capital que a humanidade viu escravidão e guerras. Viu o homem multiplicar o pão, mas não para dividir com os pares e sim para somar mais lucro. E até para subtrair o pouco que outro irmão tinha.
Neste mundo em que o capital é o sol, existe um oásis chamado “recurso público”. Através da arrecadação de impostos, aqueles que pouco têm, têm a chance de ter algo. Ou assim deveria ser. Com a receita advinda da divisão entre todos que algo possui ou produz, nascem programas sociais, serviços públicos.
É o dinheiro de todos, mas que cai na mão de uma minoria. Muitos são eleitos para receber uma fatia desta receita. Outros, escolhidos pelos eleitos. Outros, ingressam nesta por concurso. Há também empresas e entidades que recebem parte destas verbas. Todos têm a missão de gerenciar e fiscalizar esta receita e proporcionar o melhor uso possível deste dinheiro público, coletivo. E há leis que balizam cada uma destas ações.
E se somos tão fascinados a conquistar o nosso “suado dinheirinho” ou a aumentar a “já abastada riqueza”, por que somos tão passivos quando o assunto é o dinheiro de todos? Todo movimento errado com o dinheiro coletivo merece a aplicação do que está previsto em lei. É simples. E isto vale para todos. Ou ao menos deveria valer.
Afinal, se o dinheiro é de todos, as consequências também devem ser. Não se pode passar a mão na cabeça, tampouco pano. É necessário gritar e agir até que as práticas se limitem a uma minoria facilmente controlada por quem mira o certo. Pelo bem de todos. Pelos bens de todos.