A passividade de um povo cria aberrações. E muda a rota de toda uma sociedade. Em Mogi Mirim, há anos, assistimos a destruição de parte de nossa história. O Mogi Mirim Esporte Clube é mais que uma agremiação de futebol. É uma rara herança ainda viva de nossos antepassados.
Muita gente lutou para o progresso da nossa cidade e o futebol fez parte deste contexto. O Estádio Vail Chaves, por exemplo, é fruto do suor de mogimirianos. O clube pode até ter se tornado pessoa jurídica, mas por mera necessidade legal. Em verdade, desde seu primeiro jogo, em outubro de 1903, sempre pertenceu ao povo. E o povo, em sua maioria, o abandonou.
Chegamos ao calamitoso cenário de alguns personagens se sentirem donos e maiores que a instituição, como Rivaldo Ferreira, que só tem o que tem hoje graças à oportunidade dada pelo clube que ele ajudou a afundar. O arrombo financeiro do MMEC começou em sua gestão. E aqui passam longe acusações de má-fé. É incompetência mesmo. Fosse um administrador capacitado, teria não só arrecadado o mesmo que “emprestou”, como gerado lucro para que o clube crescesse de verdade.
Mais do que iniciar o processo de desconstrução de um patrimônio desta magnitude, nos fez o “favor” de entregá-lo a alguém ainda menos apto à missão. Em julho, chegamos ao quinto aniversário do nascimento da “Era Luiz Henrique de Oliveira”. O mais rebaixado presidente da história do Sapão da Mogiana, parodiou JK às avessas, regressando 50 anos em 5. Com ele, voltamos ao ponto de não ter futebol profissional por dois anos seguidos, algo que jamais ocorreu desde a retomada, em 1970. Jamais!
Este cidadão, especialista em rebaixamento, é o retrato do quanto desrespeitamos nossa história, oportunizando a qualquer um a chance de estar na mesma galeria de figuras como Chico Venâncio, Nagib Chaib, Wilson Fernandes de Barros e tantos outros. Só que a maioria por aqui ligou o “E daí?”. E quando o corpo não expele, o vírus se sente livre. Observa a chance de ir além. E lançam até pré-candidaturas a cargos políticos. E talvez ainda usem este subterfúgio para limitar as verdades sobre sua gestão a um debate político.
É a aberração nascida da passividade de um povo. E dos representantes deste povo. Nenhum político local tem a real condição de dizer que brigou a favor da instituição desde que o processo de sua destruição teve início. Assistiram passivos à derrocada e hoje têm um dos protagonistas deste caos como companheiro de jogo. Mas, mesmo que tarde, se o povo acordar, a farra acaba. E o pagamento virá da forma que se deve. Com as aberrações de cabeça baixa e a mão firme da lei em seus pescoços!