Não é fácil falar sobre o Mogi Mirim Esporte Clube. Mas é cada vez mais necessário. Há anos a cidade assiste com passividade a destruição de um patrimônio fundado antes de qualquer mogimiriano ainda vivo.
A agremiação pode ter a sua constituição privada, mas é um patrimônio público por força de fato e direito. O Sapão da Mogiana é um clube que jamais teve dono. Reduzir o Mogi Mirim EC a um “CNPJ” foi a muleta preferida de vários entes públicos.
Prefeitura Municipal, Câmara Municipal, Ministério Público e Polícia Civil, cada um no uso de suas atribuições, precisam sair da inércia quando o assunto é este bem de interesse público fundado no distante outubro de 1903. É claro ser leviano acusar quem quer que seja sobre a situação atual do clube.
E justamente para zelar pela inocência de quem nada de errado fez e punir quem carrega culpa, que procedimentos investigativos são necessários. A argumentação de que o clube é privado e, por isso, nada se pode fazer, despenca a cada dia com operações que envolvem agremiações de grande porte. As crises esportivas, políticas e financeiras levaram a varreduras em entidades como São Paulo, Cruzeiro e Internacional.
“MP identifica transações suspeitas em contas de Aidar, ex-presidente tricolor, por caso Maidana”. “Departamento jurídico do Cruzeiro é investigado pela Polícia Federal por suspeita de desvio de dinheiro”. “MP denuncia ex-presidente do Inter e mais 13 pessoas por suspeitas de desvios no clube”.
O Ministério Público e a PF têm sido vitais para elucidar os motivos das quedas desportivas e dos descalabros econômicos destas agremiações. E por aqui há perguntas sem respostas. O que ocorreu para o clube contrair uma dívida tão alta nos últimos anos? Como a instituição saiu de ZERO para 113 processos trabalhistas em pouco mais de cinco anos?
Quais motivos levaram a agremiação a perder bens como veículos, apartamentos e centros de treinamento? O que aconteceu para uma agremiação com 30 anos quase consecutivos na elite estadual cair vertiginosamente ao ponto de estar há dois anos sem divisão profissional?
A história precisa ser contada com todas as letras. Os nomes de todos os personagens deste capítulo de destruição de um patrimônio centenário estarão para sempre carimbados. Incluindo dos que poderiam agir mas se esconderam em desculpas, na covardia ou em outros motivos. Não dá para simplesmente esperar pela morte para descobrir se ela foi natural, culposa ou dolosa. Por estas e outras, não dá para esperar mais. Passou da hora da “Operação Lava-Sapo”.