O cenário político brasileiro vive um conflito constante. Muitos tentam encampar a ideia da nova contra a velha política. O que vemos, porém, é um frequente jogo de políticos antigos em novos vôos ou novos políticos com velhas artimanhas, duelando contra a mesmice. É um duelo tão complicado para o eleitor que muitos, sem opção, debandam para o branco, o nulo ou a justificativa.
Na Baixa Mogiana há um claro ciclo que parece não ter fim. E que possui uma data marcante como referência. Ou melhor, um ano. Em 1976, as três principais cidades da região elegeram para as respectivas prefeituras três figuras que estão até hoje por aqui. Em Itapira, ganhou o pleito pela primeira vez José Antônio Barros Munhoz, ou Totonho para muita gente. Em Mogi Guaçu, a vitória foi de Walter Caveanha e, em Mogi Mirim, o jovem político vencedor foi Ricardo Brandão.
Quase 45 anos depois, eles seguem no tabuleiro. Em Mogi Guaçu, Caveanha está impossibilitado, já que fecha em 2020 um ciclo de eleição e reeleição. É o quinto mandato, no total, como prefeito de Mogi Guaçu. Já Munhoz, após ser prefeito em Itapira de 1977 a 1983, teve amplo domínio sobre seus sucessores até retornar ao cargo, em 1997.
Se manteve na principal cadeira da cidade até 2004, quando seu ciclo como líder municipal foi interrompido com a derrota para Toninho Bellini. Eleito deputado estadual quatro vezes seguidas após o revés nas urnas itapirenses, teve o nome ligado a um retorno ao Paço Municipal, mas anunciou recentemente em entrevista que não será candidato. Fez o mesmo em 1996, quando assumiu o posto do irmão, Bebeto, e atropelou na reta final, conquistando o cargo em briga com Alberto Mendes.
Já Brandão quer retornar a todo custo, tendo registrado derrota em 2016 e tornando pública a vontade de participar da eleição deste ano. Duelará com Carlos Nelson Bueno, que chegou a ser contratado por ele em 1978, em seu mandato como prefeito, e que foi eleito prefeito de Mogi Guaçu em 1972 e já havia conquistado cadeira como deputado anos antes. E ainda tem Luizinho Guarnieri, que, saindo, terá por trás outro da velha guarda, Paulo Silva.
Passado bem presente posto, o que há de novo por aí? Nestes anos, qual foi a renovação proposta em nossa região? Porque estes políticos de carreira seguem como líderes de nossas cidades? É por mérito ou pela ausência de concorrência? As experiências com jovens, sobretudo Stupp em Mogi e Dr. Paulinho no Guaçu, não foram das melhores. Há velhas manias nos políticos. Dos mais antigos aos mais jovens. Há instintos que parecem sempre vencer até os eventuais ideais puros que os carregam até a luta.