Não é de hoje que as cortinas de fumaça são usadas. No campo bélico, é uma estratégia das boas, em que os adversários têm a visão deturpada e não só têm dificuldade para enxergar a situação em si, como também não conseguem ver o que, de fato, o inimigo está a tramar. Estratégia velha, mas que ainda faz panela boa.
Na política, esta é uma prática que não deveria pegar mais ninguém. Mas ainda derruba muita gente. Atualmente, no Brasil, há muita gente que manuseia facilmente esta ferramenta. Figuras que, ao menor risco ou início de escândalo real, lança um assunto que atrai a atenção da opinião pública. Custe o que custar. Já que o preço é bem menor que as reais ameaças. Vale tudo.
E comete um ledo engano quem acha que apenas as esferas mais altas de todos os poderes são os que usam da arcaica, mas jamais desusada, artimanha. Criar a cortina de fumaça é um esquema que serve a todos os lados. À esquerda e à direita. E, claro, ao centro também. Até porque, diferente dos que têm na isenção o passaporte para se colocar como legítimos mureteiros, há quem fique no meio apenas para poder comer em duas casas. É peça tão boa que cria até seitas.
Há quem se aproveite e muito bem disto nos cenários nacional, estadual e municipal. Por isso, caros leitores, é preciso estar sempre em alerta. O momento é de atenção e cuidado especial com a nossa saúde? Lógico que é. Com a saúde de quem amamos e de todos. Mas não esqueçamos que tem eleição municipal vindo aí. Não importa se o pleito será em outubro ou em nova data. Fique atento ao que seu potencial candidato está fazendo.
Olhe bem para aquele em quem você jamais votaria. Ouça além do que o prefeito, que anseia por um novo mandato, está falando. E analise com zelo o que é disparado por quem deseja derrotá-lo. Observe os que hoje ocupam as 17 cadeiras legislativas.
E aqueles que aspiram nelas sentar pelos próximos quatro anos. Confira os processos que cada um está levando. E esteja bem atento para saber como foi que este ou aquele escapou de determinada punição. Em tempos de pandemia e de uma confusão entre os poderes que não está acontecendo à toa, devemos, caro eleitor, testar a capacidade de “olhar além”.
É preciso transpor a cortina de fumaça, seja ela confeccionada artificial ou naturalmente. Sabemos não ser fácil batalhar pela própria sobrevivência, em termos naturais e até econômicos, e ainda estar sóbrio para desviar das cortinas pelo puro gesto de civilidade e coletividade.
Porém é esta a missão que cabe a cada um de nós e é este o sacrifício imposto pelo rito democrático. Ainda podemos escolher quem queremos para nos representar. E esta conquista talhada por mãos fortes não pode ser perdida. Ainda mais por um truque tão antigo…