O ano está a passar e nós fomos e, pelo jeito, ainda seremos consumidos pelos efeitos desta pandemia. Nesta semana, Mogi Mirim alcançou novos registros em meio a esta crise sanitária sem precedente para a nossa geração. O desrespeito de uma parcela da população às exigências das autoridades médicas levou a um novo fechamento do comércio. Pelo que consta no novo decreto, ainda com mais restrições.
Afinal, estamos batendo recordes de novos casos. Estamos com o sistema de saúde perto do colapso. Estamos perto de precisar desesperadamente de leitos emprestados em cidades vizinhas ou de alcançar o pior drama possível. O de escolher quem vive e quem morre. E com tantas aglomerações incontroláveis, como as que ocorrem dentro de casas, chácaras e até de estabelecimentos que burlam os decretos legais, quem sofre, mais uma vez, é o comerciante.
Donos de empresas que se situam no aspecto mais importante da economia atual, o de serviços, estão travados, mais uma vez, por conta da irresponsabilidade coletiva. É claro que também se deve imputar culpa, por exemplo, à inércia dos vereadores. Há aqueles que bradam pela honra, gritam com colegas, mas que pouco fazem pelo bem comum.
Você pode encontrar facilmente uma série de equívocos da gestão municipal. Tomadas de decisão erradas ou até mesmo aplicadas em momentos inadequados. É ainda mais claro os erros dos governos estaduais e que a indiferença com que o tema é tratado na esfera federal dará ao atual mandatário do país a eterna pecha do presidente que conduzia o povo no caminho do negacionismo enquanto a tal “gripezinha” era, é e será uma realidade fatal para aqueles que confiaram a ele a cadeira máxima do Brasil.
Ainda assim, com os erros que a história perpetuará, é possível dizer que poucos teriam culhão para desejar estar nos postos que cada um destes ocupa. É uma missão de pouca sorte ser representante do povo em meio a uma pandemia que mata o povo. E é ainda pior com boa parte deste povo ainda sem condições de entender a realidade que vivemos.
Como consequência, o comércio e tantos e tantos trabalhadores pagam o preço mais uma vez. E, o mais importante sempre, seres humanos sofrem com a doença ou choram pela perda de entes queridos. É pela doença. Mas é também pela falta de humanidade que cada vez mais pessoas carregam. Almas vazias, que expõem o quanto estamos incapacitados de viver em sociedade.
Este novo coronavírus é letal. Mas, tão ou até mais mortal do que ele é a indiferença com que muitas pessoas tratam outras pessoas. Alguns, até invocam o amor ao próximo. Mas não fazem a mínima ideia do que isso significa de verdade.