sábado, novembro 23, 2024
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Editorial: Entre cartas e representação

Caros leitores de O POPULAR, 2021 começou e o primeiro dia de um ano em que se inicia uma nova Legislatura é sempre um início com emoção. Para quem é antenado na chamada “Cultura Pop” dá para dizer que um pleito pela Mesa Diretora de uma Câmara Municipal tem muito de House Of Cards.

O clássico show estrelado por Kevin Spacey (que vive Frank Underwood) e Robin Wright (no papel de Claire Underwood), traz muitos dos bastidores da política, em uma trama que, apesar de se passar nos Estados Unidos, diz muito e até parece perder em ficção para a realidade da política brasileira, por mais paradoxal que isto seja.

A eleição para a presidência da Câmara é uma experiência indireta. Não somos nós, o povo, quem decide quem vai compor determinada função. Nós elegemos os 17 vereadores de Mogi Mirim, mas é entre eles, em um escrutínio sempre marcado por egos e estratégias, que conhecemos a composição administrativa da casa que nada mais é que o agrupamento daqueles que decidimos por nos representar.

Nestes bastidores, muitos indicavam que Geraldo Bertanha (DEM), o Gebê, já em seu segundo mandato, conquistaria a presidência. Se projetou como tal e com força. Teria como concorrentes Alexandre Cintra (PSDB), também em seu segundo mandato, assim como Sonia Módena (Cidadania). Sonia se colocou como postulante horas depois de uma vitória contundente nas urnas, sendo a mais votada da história do Legislativo local, com 2.356 votos.

Nos mesmos corredores, falas de colegas de que, ao se colocar tão cedo como candidata, estaria fadada à derrota. Que nada, neste jogo de cartas nem sempre marcadas, não é que, neste 1º de janeiro, surge Sonia em composição com Gebê, a levando a uma vitória incontestável, com 12 votos, contra quatro de Cintra e um de Cinoê Duzo (PTB), antes não cotado à concorrência, mas que ficou pelo caminho abraçado ao próprio voto.

Com a vitória de Sonia, a Câmara volta a ter uma mulher em seu comando, o que, convenhamos, é extremamente positivo. Lembramos que o Legislativo local é um dos mais antigos do Brasil e que, apenas em 1997-1998, tivemos um biênio com um comando feminino, com Marilene Mariotoni. Depois, entre 2001 e 2002, Maria Helena Scudeler de Barros. Já Gebê, saiu de cena, mas nem tanto.

Foi eleito o primeiro vice-presidente, função que ocupa desde 2019. Robertinho Tavares (PL) também se mantém como primeiro-secretário. E quem perdeu para ambos? Cintra, escanteado com a cartada. Já a representação negra na mesa, uma raridade em 250 anos de Câmara Municipal em Mogi Mirim, contou ainda com Dirceu Paulino (Solidariedade), eleito o segundo vice-presidente.

Ah, e ainda temos mais uma mulher na mesa, com a Dra. Lúcia Tenório (Cidadania) eleita como segunda-secretária. A ideia da representatividade nem era a ideia, claro. Mas, após as cartas serem colocadas na mesa, a composição até que ficou interessante. Tanto quanto sempre é acompanhar os meandros da nossa política. Afinal, o que é explícito nem sempre é o que parece ser.

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