O capitão Jair Bolsonaro e o general Hamilton Mourão compuseram a chapa que obteve sucesso na eleição presidencial de 2018. Foram eleitos com um discurso de aumento da repressão à criminalidade e da facilitação do acesso às armas de fogo (sob a cortina da autodefesa). E, claro, relacionaram a imagem das autoridades policiais a um país mais ordeiro, distante da farra da corrupção e outros desmandos de governos anteriores.
A fala é recorrente. Nas últimas décadas, quem bradou que caçaria corruptos até foi eleito. Mas, terminou com mandatos interrompidos e/ou com pares na cadeia. Ninguém em sã consciência é hoje, no Brasil, capaz de garantir de olhos fechados a pureza de qualquer político. Mas, o que é possível atestar é que a onda policial na política está em alta. E bem retratada por aqui, com as recentes confirmações das oito chapas majoritárias.
O atual prefeito, o arquiteto Carlos Nelson (PSDB), vai para a reeleição ao lado do guarda municipal Mané Palomino (DEM), atual presidente da Câmara. O médico Elias Ajub, do Republicanos, terá chapa pura ao lado do major reformado da PM, Getúlio Macedo, que, inclusive, já comandou a Guarda Municipal local.
Outra vertente oposicionista tem o empresário André Mazon (PTB) como candidato a prefeito, com o subtenente da Polícia Militar, Marcos Giovani da Cruz (Patriotas), como candidato a vice-prefeito. Para fechar, o empresário Aloísio Bueno vai de chapa pura ao lado do policial militar Jorge Antônio Negro, ambos do PSL.
Ou seja, 50% dos candidatos declarados até aqui terão uma força policial como vice. É claro que cada um lançará seus argumentos para defender a presença desses vices de perfis semelhantes, mas é também óbvia a estratégia de seguir o que deu certo na eleição passada. E, convenhamos, em uma cidade que deu 81,85% dos votos ao capitão reformado do Exército ser presidente não é uma aposta equivocada.
Já entre os demais candidatos, tem até dobradinhas de profissão. Caso dos médico Paulo Silva (PDT) e Maria Alice Mostardinha (SD) e dos empresários Ricardo Brandão e Geraldo Leite, ambos do Podemos. Há ainda uma aliança sem “policiais” e sem dobradinha entre o empresário Danilo Zinetti e o engenheiro agrônomo Jorge Setogushi, ambos do PSD.
E outra dobradinha formada por duas figuras de Guarulhos que, por aqui, têm o nome ligado à fase recente do Mogi Mirim EC: Luiz Henrique de Oliveira e Adilson Pinheiro, ambos do PRTB. Com um cardápio inédito de oito nomes para pedir, o mogimiriano vê o discurso conservador crescer e uma baixa diversidade de perfis. Resta aos candidatos serem criativos na hora de cativar o eleitor que não segue essa tendência. E a decisão pode estar aí. Nas minorias. Por mais irônico que isso pareça…