Talvez você já tenha visto estrangeiros nos definir como um país alegre, hospitaleiro e solidário. É claro que o Brasil tem suas virtudes e reúne uma enorme quantidade de pessoas de boa fé e que realmente ama o próximo. A avaliação aqui não é coletiva e sim individual. Exatamente a forma que expõe o nosso pior lado.
Em verdade, temos no egoísmo uma marca sombria que procuramos esconder, mas que nos define. Um grande exemplo de como, enquanto sociedade, olhamos ao próprio umbigo em detrimento do coletivo está relacionado à vacinação contra a Covid-19, iniciada no último mês.
Acompanhem, sobretudo, publicações nas redes sociais e observem. Há sempre figuras de um determinado grupo que não entrou na lista prioritária que atualmente está em curso e que se queixa. Acha que deveria estar ali.
Mas por esta ótica egoísta, todos deveríamos estar. Aliás, todos deveríamos estar mesmo. Todos estamos, de alguma forma, expostos ao vírus. A questão é que realmente existem parcelas que correm mais risco de contaminação. E outras, por aspectos de idade, com mais riscos de complicações.
O problema é que, conduzidos por representantes que nos veem apenas como voto, enfrentamos uma politização de um assunto tão delicado. E principalmente entre os governos Federal e Estadual, não há mocinhos. Bolsonaro e Doria pensam apenas na eleição de 2022. E as outras correntes políticas também.
Goste você ou não, é um mal que não escolhe esquerda e nem direita. Muito menos centro… A ambição eleitoral está enraizada e é o exemplo maior de como o nosso egoísmo destrói. Gostaríamos que todos estivessem imunes a esta doença o mais breve possível. Precisamos disto.
Resta, porém, aceitar que encaramos um mal que exige um movimento coletivo. E expostos a este cenário não temos tido capacidade de se comportar como uma sociedade solidária ao modo que ainda nos veem fora do país.
Um momento como este exige de nós autocrítica acima de disparos contra terceiros. Mesmo que estes sejam os terceiros que nos governam tão mal há tanto tempo. Até porque, expostos a esta análise, veremos o quanto somos egoístas, inclusive, para escolher os nossos representantes em funções de comando.
Posições que não poderiam ser ocupadas por figuras que preferem ver o seu povo cada vez mais separado. Uma sociedade fragmentada e que cada vez mais prefere cultuar seus expoentes, seja à esquerda, ao centro ou à direita. Mais uma vez, se atentem. O mal não tem lado. O mal quer apenas que sejamos… egoístas!
O resultado de todo este “umbiguismo” e polarização pode ser mais trágico do que podemos imaginar. Aliás, já é horrível, conforme está bem exposto com o alto número de mortos decorrentes de uma pandemia desrespeitada desde o início por quem a negou. E por muitos que ainda a negam.