A Baixa Mogiana sempre foi pródiga em representação política, sobretudo a nível estadual. Aqui nasceu João Teodoro Xavier de Matos, que foi presidente da província de São Paulo no período imperial, algo equivalente ao cargo atual de governador estadual. Antônio de Queirós Teles, o Conde de Parnaíba, e Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra também ocuparam tal cargo e, apesar de não terem nascido em Mogi Mirim, residiram por décadas por aqui.
Já no período republicano, Jorge Tibiriçá Piratininga governou São Paulo por duas vezes, entre 1890 e 1891 e entre 1904 e 1908. Ele não nasceu aqui, mas morou na Fazenda Ressaca, área entre Mogi Mirim e Campinas. Reparem que são quatro homens que emprestam seus nomes a ruas próximas, na parte baixa da área central da cidade.
Em configurações políticas bem diferentes da atual, tivemos senadores, como Eduardo da Cunha Canto, e deputados, como Benedicto Netto de Araújo, Décio de Queiroz Telles e Nagib Chaib. Figuras que representavam o interesse de Mogi Mirim perante estâncias fundamentais do poder público.
Desde que José Theófilo Albejante, o Bépe, foi eleito deputado para o mandato de 1975 a 1979, nunca mais elegemos um mogimiriano para deputado. E aqui não dizemos apenas entre os nascidos, mas também entre aqueles que aqui viveram, residiram ou dedicaram suas causas, obras e ofício à cidade. Estamos órfãos de representação e isto mostra a incompetência da política local em criar novas lideranças.
Não vamos aqui nos aprofundar nos méritos e deméritos de ninguém. Mas, é inconcebível que, entre 1996 e 2024, tenhamos nos resumido a apenas dois nomes: Paulo Silva e Carlos Nelson, com um intervalo decepcionante e explicativo de Gustavo Stupp. A marca negativa da passagem de Stupp ainda é carregada pelos eventuais nomes de renovação, mas convenhamos. Usar as falhas de outro como muleta apenas evidencia a fragilidade daqueles que pleiteiam ser a “nova política” para Mogi Mirim.
E não é só na esfera majoritária. Ao olhar para as recentes e a próxima legislatura da Câmara, nos sentimos ainda incapazes de encontrar uma figura que preencha esta lacuna. Ao menos hoje. O fato é que, seja alguém já do meio ou alguma figura ainda escondida da vida pública, precisamos de uma representação forte a nível estadual e, quem sabe, federal. Uma liderança nata, que possa recolocar Mogi Mirim em seu trilho histórico de expoentes políticos.
E que estas lideranças venham para agregar e não para dividir. Venham para cuidar dos interesses comuns e não dos próprios. Venham para batalhar por uma Mogi Mirim com melhores condições para o empreendedorismo, seja agrário, comercial ou industrial, mas também e, sobretudo, para reduzir a desigualdade social e econômica entre as camadas de nossa comunidade. Que venham para trabalhar pelo próximo. Pelo pobre. Pelos menos favorecidos. Que brote aqui uma diversidade de liderança com um propósito único: lutar por Mogi Mirim.