Completamos no último final de semana exatos três meses das primeiras ações públicas em Mogi Mirim no combate ao novo coronavírus. A Prefeitura iniciou um protocolo de cancelamento de eventos que pudessem gerar aglomeração e decretos começaram a ser publicados, buscando a restrição da circulação de pessoas. No dia 11 de março a OMS (Organização Mundial de Saúde) havia definido a situação da Covid-19 da maneira que muitos temiam. Já era uma pandemia.
O vírus que chegou ao Brasil através dos que tinham condição de viajar por outros países hoje mata uma maioria de pobres. E vai matar muito mais. Não é pessimismo. É realismo. O realismo que muita gente não foi capaz de compreender quando o vírus atravessou fronteiras e se mostrou rápido e letal. Realismo trocado por um negacionismo que é modus operandi de determinadas forças e a muleta de ignorantes cegados pelo cabresto.
A realidade desta tragédia está em todo lugar. E em Mogi Mirim não é diferente. Ainda assim há quem pareça não padecer pela dor de quem perdeu um ente querido. Talvez falte exatamente isso. Perder o que jamais será capaz de recuperar. Nas últimas semanas tivemos inúmeros casos de desrespeito não apenas ao protocolo instituído pelos profissionais de saúde, com aglomerações em praças esportivas e até em chácaras. Festas com centenas de pessoas no meio de uma chacina viral é a farra da morte. É o bonde da desumanidade.
É óbvio que você pode ter dado uma escapada para uma festa ou para um jogo porque está desesperado com a quarentena. Não aguenta mais ficar parado. Mas pergunte para quem perdeu um parente para uma doença que poderia ter sido controlada pelo puro e humano gesto de não aglomerar. Pergunte a esta pessoa o que é melhor. Ficar parado, trancado, sem festas ou enterrar quem ela ama?
E não é só isso. Tem muita gente desesperada pela pelada do final de semana. É uma delícia, claro que é. A prática do esporte precisa ser cada vez mais incentivada. Mogi Mirim precisa brigar com vereadores e prefeitos por mais quadras poliesportivas, ginásios cobertos e campos de futebol. Pela melhoria da infraestrutura do que já existe.
Mas, caro leitor, não estamos em um momento normal.
Quer praticar esporte pela sua saúde? Há outras formas de se exercitar, inclusive dentro de casa. E no meio de uma pandemia, aglomerar, inclusive, para praticar esporte não é saúde. É doença. É egoísmo. Passou da hora da ficha cair. Estamos vivendo uma guerra, o inimigo é invisível e aglomerar é jogar pelo adversário. É defender a camisa da morte.