Não dá para fugir. Saúde é a prioridade máxima do país. Não é só pela pandemia do novo coronavírus, é óbvio. É uma necessidade crucial em um país que flerta com o recuo no combate à desigualdade social. A pandemia apenas acentuou este grau de urgência. O negacionismo também. Impressiona como retrocedemos várias casas no tabuleiro da evolução humana e científica e estamos à mercê de discursos enganosos, que atingem e matam, sobretudo, os pobres.
Em Mogi Mirim, a saúde vive em constante crise. Há décadas é possível reunir uma coletânea de notícias de jornal falando sobre a situação calamitosa da Santa Casa de Misericórdia. Ela é uma das instituições mais importantes da cidade. Fundada em 6 de abril de 1867, a irmandade a 12ª mais antiga do estado. Tem mais de um século e meio de contribuição inegável à população.
Seu primeiro terreno foi aproximadamente onde hoje seria a esquina das ruas Paissandu e Dr. Edgard Netto de Araújo. Depois, a partir de 1952, teve os serviços transferidos para a via atualmente chamada de Rua Maestro Azevedo. Está no Centro, no coração de Mogi Mirim. Mas os batimentos estão cada vez mais fracos. Seria leviano mirar em ‘A’ ou ‘B’ para carregar a culpa pela situação, mas é notório que, após o acúmulo de uma dívida considerável, de paralisações nos serviços e até intervenção administrativa, o cenário não é dos melhores.
E a população mogimiriana merece o mais alto nível no atendimento médico. E quando falamos em população, abrangemos toda a população mesmo, não apenas aqueles que possuem capital suficiente para usufruir de uma referência como o Hospital 22 de Outubro. Sem dúvida, esta instituição de saúde nos deve encher de orgulho. Porém, gratidão não paga por tratamento e é por esta gente que não dispõe da mesma condição de capital que outros, que o tema é ainda mais vital.
Mogi Mirim precisa de uma melhor condução no atendimento básico e aproveitar todo o ótimo potencial da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), hoje na Zona Leste, uma das regiões mais populosas da cidade. E é óbvio também que Mogi Mirim precisa de um hospital municipal que de fato atenda à demanda. Sem preocupações com credores e outras crises.
Seja com a própria Santa Casa como caminho ou com a construção de outro prédio, é certo que o tema deve ser prioritário. Curioso que, em meio a esta necessidade, Mogi Mirim tenha que confiar em dois profissionais do ramo. Os médicos Paulo de Oliveira Silva e Maria Alice Mostardinha, respectivamente prefeito e vice-prefeita, se elegeram com o discurso de implantar um governo participativo.
Então, nestes quatro anos que os desafiam, ouçam o clamor por uma saúde pública de qualidade e ao alcance dos que mais precisam. Ao final desta discussão, que um norte seja encontrado, enfrentado e executado.